São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
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'Fantasma da Ópera' de 1925 continua o melhor

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

A história de ``O Fantasma da Ópera" sempre inspirou o camp, o esquisito-jeca. O inglês Andrew Lloyd Webber, que compôs uma ópera sobre ela, que o diga. Por isso, como se diz nos comerciais, prefira o original.
Quer dizer, o filme original, de 1925, americano, que acaba de sair em vídeo por aqui. A história é de um folhetim, do francês Gaston Leroux, bem-sucedido no século passado, sobre um homem que mora nos porões de casa de ópera e se apaixona por uma cantora.
Ocorre que é em película que o folhetim-camp pode se tornar arte de qualidade. No centenário do cinema, ainda se está tentando entender por quê. Mas neste filme dá para aquilatar alguns motivos.
Primeiro, Lon Chaney (que se autodirigiu em diversas cenas) como fantasma, sob uma maquiagem que Jack Nicholson, que padeceu em ``Lobo", deve invejar à morte.
Segundo, a despretensão do filme. Se ele quisesse ser mais do que é, passaria de camp a kitsch. Mas não quer: concentra-se em criar um clima folhetinesco, com a plasticidade que o cinema mudo parece deter com exclusividade (o cinema sonoro, a grosso modo, só quer saber de contar a historinha).
Quando deixa o esquema dos primeiros 20 minutos (fantasma abre a capa; close em seu rosto cadavérico; órgão ao fundo; gritos), adquire consistência e há real pavor e compaixão.
E o que é mais espantoso: esse pavor e essa compaixão (mistura-chave da história) não são os do filme de horror tecnológico e seus banhos de sangue. Assimilam-se lentamente, mas com efeito bem mais duradouro. (Daniel Piza)

Filme: O Fantasma da Ópera Direção: Rupet Julian
Elenco: Lon Chaney, Mary Philbin
Lançamento: Continental Home Video (tel. 011/284-9479)

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