São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 1995
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Movimento negro entra na Justiça contra taxistas

MÔNICA GARDENAL
DA FOLHA NORTE

Representantes de movimentos negros de Rio Preto, São Paulo e Piracicaba estão entrando na Justiça contra o Sindicato dos Taxistas de São José do Rio Preto e seu presidente, Antonio Lopes Mendonça, 63.
Mendonça afirmou, em entrevista à Folha anteontem, ter orientado os motoristas da cidade a não transportar ``negros, maltrapilhos, pessoas despenteadas, homens com cabelos compridos, que usem chapéu ou roupas exóticas". Segundo ele, estas pessoas seriam suspeitas de tentar assaltar os táxis e deveriam apresentar documentos para ser transportadas.
Preocupado com os protestos de entidades de defesa dos direitos dos negros, que se manifestaram após suas declarações, o presidente se reuniu ontem com representantes de entidades negras e pediu desculpas.
``Acho que não deveria ter dito tudo aquilo. Fui infeliz e preconceituoso", disse.
``O que foi dito não pode passar em brancas nuvens. Vou convocar para amanhã reunião com todas as entidades negras do Estado para definir com o departamento jurídico quais as medidas cabíveis para o caso", disse ontem o jornalista Fernando Costa da Conceição, coordenador do Núcleo de Consciência Negra na USP (Universidade de São Paulo).
Segundo o jurista Miguel Reale, 84, professor emérito da USP, a medida constitui crime inafiançável por ferir o artigo 5º da Constituição, que garante que ``todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza".
A solicitação de apresentação de documentos faz parte da ``Operação Taxista" criada pelo sindicato com a ajuda da PM de Rio Preto para diminuir ataques a taxistas.
Além da apresentação de documentos, a ``Operação Taxista" terá também um ``código secreto", onde a comunicação entre taxistas e a PM será feita com a ajuda de um pequeno luminoso.

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