São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 1995
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Governo prepara leilão eletrônico de dólar

LILIANA LAVORATTI

LILIANA LAVORATTI; FIDEO MIYA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

FIDEO MIYA
O BC (Banco Central) vai implantar nas próximas semanas o sistema de leilões eletrônicos no mercado de câmbio (negócios com dólar e outras moedas fortes).
Por esse sistema, o BC poderá intervir diretamente no mercado, comprando ou vendendo dólares sem a intermediação dos ``dealers" (bancos credenciados a operar em seu nome).
Trata-se da primeira medida de reformulação do sistema de ``dealers" (20 bancos que estão credenciados no BC entre as quase 200 instituições autorizadas a operar com câmbio).
Estas mudanças foram prometidas em março passado pelo presidente do BC, Pérsio Arida, durante seus depoimentos na Câmara dos Deputados e no Senado.
Isto ocorreu após o tumulto no mercado de câmbio causado pela mudança na política cambial e pelas suspeitas de que alguns ``dealers" teriam usado em benefício próprio as informações que lhes foram transmitidas pelo BC.
O tumulto e a suspeita do uso de informações privilegiadas por algumas instituições ocorreram durante a implantação do sistema de bandas (faixas) cambiais, que determina a variação máxima e mínima do dólar frente ao real.
Desde março, o BC não tem recorrido aos ``dealers" para realizar intervenções no câmbio. Mas operadores do mercado de câmbio suspeitam que o Banco do Brasil tem atuado como um ``dealer disfarçado" do BC.
Em abril, a cotação do dólar aproximou-se várias vezes de R$ 0,93 -o limite superior da atual banda cambial. Mas ela recuou sem que o mercado identificasse ofertas de dólares que justificassem a queda, atribuída ao BB.
A Folha apurou que o Depin (Departamento de Operações Internacionais) do BC está avaliando que, nos próximos dias, a cotação do dólar comercial poderá bater em R$ 0,88. Ou seja, no limite inferior da atual banda.
Desta forma, o banco terá de intervir comprando a moeda norte-americana para elevar sua cotação. A idéia é que isso seja feito pelos leilões eletrônicos.
Com os leilões eletrônicos, toda vez que o BC precisar intervir no câmbio, poderá fazer ofertas simultâneas de compra (ou de venda) de dólares diretamente às quase 200 instituições financeiras.
Além de dispensar a intermediação dos ``dealers", os leilões eletrônicos vão proporcionar maior transparência das operações.
Este processo de transparência será reforçado ainda pela criação, pelo BC, de uma câmara de compensação (``clearing") para os negócios de câmbio entre bancos.
Esta câmara, que deve entrar em operação nas próximas semanas, registrará e fará a compensação dos negócios eletronicamente, por computador.
A criação da câmara deverá estimular o crescimento dos negócios no mercado interbancário, que poderá ser quadruplicado -passando de cerca de US$ 3 bilhões por dia para US$ 12 bilhões.

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