São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 1995
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Exigências frustram planos de Zagallo

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O técnico Mario Jorge Zagallo foi obrigado a convocar 11 jogadores que ele não queria para o amistoso da seleção brasileira contra Israel, quarta-feira, na cidade israelense de Tel Aviv.
O plano original de Zagallo, elaborado no segundo semestre do ano passado, era usar até meados de 1996 só jogadores com idade para integrar a seleção brasileira olímpica.
A equipe olímpica reúne jogadores nascidos a partir de 1º de janeiro de 1973 -com 23 anos, no máximo, durante o torneio de futebol da Olimpíada de Atlanta (EUA), no ano que vem.
``O ideal seria jogar várias vezes com a seleção olímpica este ano", disse o treinador. ``Mas em todos os países a exigência é de que o Brasil leve seus jogadores principais."
A Confederação Brasileira de Futebol vai receber cerca de US$ 500 mil de cachê pelo amistoso contra Israel.
Se levasse um time só de jovens, provavelmente nem seria convidada para a partida.
Ao assumir a direção da seleção, após a Copa do Mundo-94, Zagallo tornou-se também o técnico do time olímpico.
Ele definiu então que a prioridade do futebol brasileiro até 1996 seria a conquista da medalha de ouro de futebol em Atlanta.
O único título internacional importante que o país nunca ganhou é o olímpico. Desde que Zagallo assumiu, a seleção olímpica só jogou uma vez, goleando o Chile por 5 a 0.
Em março de 1996, o Brasil vai participar com outros países sul-americanos de um torneio classificatório para a Olimpíada.
``Há muitos países que formaram suas equipes olímpicas e estão jogando só com elas", afirma Zagallo. ``Nós estamos atrasados."
``Só dá para saber como um jogador se comporta na seleção se tiver oportunidade de jogar com a camisa verde e amarela", diz o treinador.
``Mas com a combinação de jogadores adultos e olímpicos, não posso chamar todos os atletas de que gostaria."
Zagallo pretendia levar a seleção olímpica para disputar a Copa América, em julho no Uruguai.
``Mas é complicado", diz. ``Se o time perde há uma cobrança grande no Brasil e o trabalho na seleção pode ser colocado em risco. Serei obrigado a mesclar atletas jovens e mais velhos."
``A Copa América não vale nada", afirmou na semana retrasada o antecessor de Zagallo na seleção, Carlos Alberto Parreira.
``O certo seria disputá-la só com jogadores olímpicos, o que deveria ser a prioridade do Brasil agora."
A seleção brasileira adulta fará de 14 a 17 jogos até o fim do ano. A CBF não divulgou nenhuma data para partidas da equipe olímpica para este período.
``Além dos problemas que já temos, há outra dificuldade para a seleção olímpica", afirma Zagallo.
``Muitos jogadores jovens são titulares em seus clubes, o que torna ainda mais difícil sua liberação para a seleção."

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