São Paulo, sábado, 13 de maio de 1995
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Três jovens morrem em ação da PM

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Três adolescentes morreram ontem durante uma incursão de policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Especiais) ao morro do Cruz, no Andaraí (zona norte).
No domingo passado, uma briga entre quadrilhas de traficantes dos morros do Andaraí e do Cruz deixou dois mortos e seis feridos.
Segundo policiais, os três mortos são traficantes, foram feridos num tiroteio entre quadrilhas rivais e apenas socorridos por eles.
Com os rapazes, a polícia teriam encontrado dois revólveres, uma granada, munição e maconha.
Para moradores, os rapazes foram mortos pelos policiais no quintal de uma casa. A dona da casa mostrou o local à Folha, mas não quis falar sobre o caso.
As guias de internação no Hospital do Andaraí, para onde os três foram levados, mostram que Eduardo Borges da Cruz, 17, levou um tiro na cabeça.
Wallace da Silva Mozer, 15, foi atingido na têmpora esquerda, no olho direito e na face direita. Reginaldo da Silva, 16, levou tiros na coxa e no lado esquerdo do peito.
No quintal da casa, limpo por vizinhos, parentes dos mortos encontraram o boné de Cruz, despedaçado por um tiro. Havia vários cartuchos de bala, sinais de sangue e pedaços de massa encefálica.
Na delegacia, o tenente Antônio Santos, da Polícia Militar, disse cerca de 30 policiais subiram o morro para executar dois mandados de prisão contra os irmãos Flávio e Ângelo da Cruz Ferreira.
Segundo a polícia, os dois, conhecidos como ``Barney" e ``Juca", controlam o tráfico no morro. Eles não foram presos.
Oito pessoas foram detidas, entre elas o pai de Eduardo, Marcos Santos da Cruz, 48. Ele não sabia que o filho estava morto. Sua mulher, A.B., 17, reconheceu o corpo de Eduardo no hospital.
A.B. e os parentes dos três mortos negaram que eles tivessem envolvimento com o tráfico no morro. Vários moradores disseram que os três estavam na rua quando viram os policiais e fugiram.
Moradores das casas vizinhas contaram que ouviram gritos e tiros vindos do quintal. Disseram também que não houve tiroteio.
A. afirmou que um policial ameaçou violentá-la. ``Ele disse que, se eu quisesse ver meu marido de novo, tinha que fazer o que ele queria." Segundo ela, o policial, chamado pelos outros, acabou indo embora. A. foi à delegacia, mas não viu mais o policial.

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