São Paulo, sábado, 13 de maio de 1995
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Interior prepara contra-ataque do rock

ROBERTA LIPPI
DA FOLHA SUDESTE

As bandas de rock do interior de São Paulo estão criando alternativas para a divulgação de suas músicas, como a ``gravadora fantasma" de Jundiaí (a 45 km de São Paulo). A iniciativa surgiu de um grupo de cinco bandas de rock da cidade. Eles estavam tendo dificuldade para levar músicas próprias até o público da região e de outros Estados do país.
A ``Visite Jundiaí, a Seattle Brasileira Records" é um esquema de cooperativa que surgiu entre cinco bandas, com o objetivo de fazer com que as ``demo tapes" cheguem ao público. Demo tapes são as fitas de demonstração que as bandas levam `a casas de shows e gravadoras para apresentar o seu trabalho.
As demo são gravadas em estúdios normais, mas recebem o selo com o nome da ``gravadora", como uma forma de divulgar em conjunto o trabalho das bandas.
Wagner Gouveia, 21, vocalista e guitarrista da banda Burt Reynolds e um dos organizadores do projeto, diz que o esquema partiu de uma brincadeira e acabou aumentando as vendas das demos, além de expandir os shows para todo o interior do Estado de São Paulo
Gouveia diz que a expressão ``Seattle Brasileira" foi escolhida porque Jundiaí possui mais de dez bandas que fazem um trabalho de destaque, número considerado grande para uma cidade do interior do Estado.
Seattle é a cidade norte-americana considerada o berço do movimento de rock alternativo que renovou a cena musical dos EUA no começo dos anos 90. ``Está dando certo. O público está se habituando a comprar também as demo, não somente trabalhos lançados em CD. O nosso trabalho é muito bem feito", afirma Gouveia.
As fitas custam R$ 4, e contêm as músicas próprias das bandas. O número de músicas em cada fita varia entre duas e seis.
Os catálogos são distribuídos dentro de um ``circuito de correspondências do mercado alternativo". Segundo Gouveia, o circuito é formado por pessoas que enviam cartas à ``gravadora" e pedem in formações sobre as bandas.
O processo faz com que haja uma dispersão das informações através do ``boca-a-boca".
O músico e co-produtor de um estúdio de gravações em Jundiaí, Eduardo Vicente, 33, diz que esse tipo de trabalho é um exemplo para os músicos brasileiros.
``Muitas pessoas reclamam que não têm espaço para o rock alternativo, e essas bandas estão conseguindo se unir e fazer apresentações em todo o país através do sistema de distribuição própria", comenta o músico.

Capivari
As cidades do interior estão investindo na criação de espaços alternativos para a apresentação de bandas de rock.
Em Capivari, um salão desativado de um clube esportivo vai ser transformado no próximo mês no ``El Diablo Espaço Rock", para a apresentação de shows.
As placas escritas com o novo nome já estão sendo preparadas para serem colocadas em frente ao salão, e um vestiário vai ser transformado em camarim.
Apesar de ainda não ser ``oficializado", o espaço rock já teve a apresentação de várias bandas da região e de outros estados, com várias tendências do rock pesado.

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