São Paulo, sábado, 13 de maio de 1995
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ONU reavalia tropas na Bósnia

DO "THE INDEPENDENT"

O secretário-geral das Nações Unidas, Boutros Boutros-Ghali, ordenou ontem uma "revisão fundamental" do mandato das tropas da ONU na Bósnia, mas não ordenou sua retirada completa.
Depois reunião em Paris com assessores, Boutros-Ghali disse que o colapso de uma trégua de quatro meses na Bósnia e os frequentes ataques a soldados da ONU impõem que a Força de Proteção da ONU reavalie seu papel.
A missão dos 39 mil soldados das Nações Unidas, enviada para controlar o conflito nos países que se formaram com a desintegração da Iugoslávia em 1991, tem se mostrado impotente.
Um bombardeio sérvio no último domingo matou dez pessoas na capital da Bósnia, Sarajevo. O comandante militar da ONU na Bósnia, Rupert Smith, pediu que a Otan (a aliança militar do Ocidente) bombardeasse posições sérvias.
Mas diplomatas da ONU rejeitaram o pedido por represálias, dizendo que havia grande risco de inflamar as tensões entre sérvios e croatas na Croácia. Ontem Smith ordenou que, se atacadas, suas tropas reagissem com energia.
Na última semana, uma ofensiva croata sobre uma região da Croácia dominada por sérvios desfez meses de negociações mediadas pela ONU. As tropas da ONU na região foram incapazes de deter os conflitos.
Reino Unido, França e Rússia já mencionaram várias vezes a intenção de retirar seus soldados da ex-Iugoslávia.
O governo francês tem manifestado insatisfação com ataques a soldados franceses na área de Sarajevo, onde um soldado foi morto ontem. Nos últimos três anos, morreram 36 soldados da França, país que tem o maior contingente nas tropas da ONU da Bósnia.
Mas as potências ocidentais também receiam que a retirada das forças das Nações Unidas só torne pior a situação na região.
Em Frankfurt (Alemanha), representantes de Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e EUA, países que integram o chamado Grupo de Contato (formado para negociar a paz na ex-Iugoslávia), voltaram a propor um plano de divisão da Bósnia ao meio.
Essa proposta já foi várias vezes recusada pelo líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, que controla 70% do território bósnio.
Em relação à Croácia, as cinco potências disseram estar determinadas a conseguir a "imediata restauração da autoridade das Nações Unidas nas áreas em conflito".

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