São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
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Classe média mantém o consumo

DA REDAÇÃO

A maioria dos paulistanos de classe média não cortou o consumo nos últimos dois meses, período em que o governo fez apelos neste sentido, até mesmo por intermédio do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Pesquisa Datafolha feita na última quinta-feira com 660 pessoas em São Paulo, com idade a partir de 18 anos e renda familiar superior a 20 salários mínimos (R$ 2.000), mostra que apenas 35% passaram a consumir menos.
Apesar de 52% dos entrevistados terem respondido que estão atendendo ao apelo do governo, 46% dizem que mantiveram os níveis anteriores de consumo quando indagados se efetivamente cortaram suas despesas.
Como 18% afirmaram ter consumido mais nos últimos dois meses, os que, na prática, não se comportaram como deseja o governo somam 64% do total de entrevistados.
A indústria, entretanto, já vê sinais de desaquecimento.
Celso Hahne, presidente da Abiplast, que reúne os fabricantes de material plástico, diz estar sentindo queda no consumo.
Outro empresário, Sérgio Chiarinzzi, presidente do Instituto Nacional de Distribuição de Aço, fala em ``início de paradeira".
Ao mesmo tempo, a indústria reclama dos juros, que pressionam seus custos mas, na visão do governo, ajuda a frear o consumo que deixou as importações maiores que as exportações.
Fornecedores, indústria e comércio vendem e compram produtos entre si a prazo, o que equivale a emprestar dinheiro a juros.
Setores de vestuário e calçados estão entre os que tiveram maior desaquecimento nas últimas semanas, embora aqui o motivo maior tenha sido a concorrência das importações.
Para o ex-ministro da Fazenda Mailson Ferreira da Nóbrega, da MCM Consultoria, do ponto de vista do governo o consumo continua aquecido, mas deve começar a cair após este Dia das Mães.
A queda das taxas de juros no mercado futuro já estaria apontando nesta direção. De fato, o mercado de DI (Depósito Interbancário) na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) entrou em maio prevendo juros mais elevados em junho e julho. Na última semana as projeções foram cortadas em meio ponto percentual, para 4%.

LEIA MAIS
sobre consumo e juros nas págs. 2-4, 2-6, 2-7 e 2-10.

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