São Paulo, domingo, 14 de maio de 1995
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TV é complemento da escola

ANNETTE SCHWARTSMAN
DA REDAÇÃO

Educadores com experiência em teleducação são unânimes em afirmar que a TV é, em si, um espaço educacional.
``Se você considerar a educação como o processo através do qual o sujeito se integra à cultura, a televisão é um espaço de educação permanente e privilegiado. Nela você aprende até sobre outras culturas", diz Zélia Cavalcanti, consultora pedagógica do ``Castelo Rá-Tim-Bum", da Cultura, e uma das criadoras do ``Rede Geral", programa de atualização cultural para professores dos Ciepes.
Para Isa Grinspum Ferraz, que trabalha com teleducação há 15 anos e dirigiu no Rio o projeto Educação pela TV -do qual fez parte o ``Rede Geral"-, a TV é capaz de abrir horizontes e discutir temas importantes para a formação humanista das pessoas. ``Acredito mais nisso do que em cursos formais", diz.
Outro consenso é que a TV não substitui a escola, mas a complementa. ``A TV deve ser usada dentro da escola", diz Roberto de Oliveira, responsável pelo projeto ``Vila Sésamo", da Bandeirantes.
``O diálogo entre professor e aluno, fundamental na escola, não existe na TV. Mas o currículo escolar está sempre defasado e a TV é capaz de atualizá-lo", diz Zélia.
Segundo ela, essa relação professor x aluno pode ocorrer através de computador, fax, ou qualquer outro meio que permita a interatividade. ``O importante é que alguém estimule o aluno a avançar."
Para todos, o grande desafio é conciliar o conteúdo pedagógico -que pressupõe a repetição- à rapidez da TV.
Maria Helena Beltrão, coordenadora de programas educativos da Fundação Roberto Marinho, acha que o bom nível das produções nacionais eleva as expectativas em relação aos programas educativos. ``Fazemos pesquisas para usar a linguagem televisiva com conteúdo pedagógico. Uma aula é careta e a TV não pode ser isso".
Para Isa, não há uma fórmula para usar a linguagem da TV. ``Cada situação precisa de um tratamento".
Ela vê duas fases na evolução dos programas educativos: a tentativa de trazer a sala de aula para a TV, e a ilusão de que a solução seria florear o conteúdo. ``Não adianta querer botar chantilly no conhecimento, que é de uma riqueza enorme e não precisa desse tipo de artifício". (AnS)

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