São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 1995
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Governo amplia importação de derivados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo vai enfrentar a greve dos petroleiros reforçando a importação de derivados de petróleo. Além de aumentar as compras de gasolina, diesel e gás de cozinha do exterior, a Petrobrás vai importar também nafta e querosene de aviação.
O anúncio foi feito ontem à noite pelo presidente da empresa, Joel Rennó, após reunião com o ministro das Minas e Energia, Raimundo Brito. ``Vamos importar para manter, tanto quanto possível, a normalidade do abastecimento", disse Rennó.
O governo espera com isso ganhar fôlego para enfrentar a greve sem ter que adotar medidas de racionamento. O ministro acha que, a partir do reforço das importações, a hipótese de racionamento fica afastada.
A greve entra hoje no 14º dia. Ontem, a refinaria de Betim (MG) era a única das dez do país em funcionamento pleno.
Rennó anunciou também que a Petrobrás já contratou entre 70 e 80 pessoas para substituir grevistas demitidos. ``Vamos continuar contratando", afirmou.
Recurso
Os petroleiros vão recorrer da decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho), que julgou abusiva a greve da categoria na semana passada. Os trabalhadores podem questionar a sentença porque ela não foi unânime.
Na terça-feira, o TST considerou a abusividade da paralisação por 11 votos a 1. Os ministros também negaram as reivindicações salariais por 9 votos a 3.
Em novembro, o governo assinou um protocolo com os petroleiros que garantia reajustes salariais entre 12% e 18%. O acordo teve a intermediação do então presidente Itamar Franco.
O próprio presidente do TST, José Ajuricaba da Costa e Silva, votou a favor dos petroleiros, reconhecendo a legalidade do acordo assinado pelo ex-presidente Itamar Franco e pelo seu ex-ministro das Minas e Energia Delcídio Gomes.
Os petroleiros aguardam a publicação da certidão da sentença para pedir o embargo da decisão.
A sentença de julgamento será publicada amanhã no ``Diário da Justiça", um encarte do ``Diário Oficial da União".
O procurador-geral do Ministério Público do Trabalho, João Pedro Ferraz dos Passos, já procurou petroleiros e Petrobrás para tentar uma negociação.
Ele disse que as partes estão intransigentes. ``Não vejo disposição deles para conversar", afirmou.
Por causa da resistência dos trabalhadores, ele sugeriu o recurso à sentença do TST.
Atividades
A paralisação nas refinarias de petróleo do país, segundo o ministro Raimundo Brito, é parcial. Conforme ele, cinco estão funcionando, mas não a plena carga.
À noite, a Petrobrás informou que o ritmo de produção de petróleo ontem era de 306 mil barris/dia (41% do normal), enquanto o refino se encontrava em 281 mil barris/dia (19% do normal).

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