São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 1995 |
Próximo Texto |
Índice
Juros altos já provocam demissões
ANTONIO CARLOS SEIDL
Este é o primeiro indicador de que a manutenção pelo governo dos juros elevados está levando o país para uma recessão. A avaliação é de empresários ouvidos ontem pela Folha na Fiesp. Para Carlos Eduardo Uchoa Fagundes, diretor titular do Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria da Fiesp, produzir com os juros atuais é ``impraticável". Para ele, a consequência dos juros altos é a redução da atividade econômica, com demissões e protelação dos investimentos de curto e médio prazos. Uchoa Fagundes, presidente da Associação Brasileira da Indústria da Iluminação, disse que maio está sendo ``muito ruim" para o setor. Segundo o diretor da Fiesp, uma ``psicose" anticonsumo está se formando no país em resposta ao apelo do governo à população pelo adiamento das compras. Adauto Ponte, presidente da Associação Brasileira da Fundição, disse que o governo está ``extrapolando" a política de juros altos, o que ``levará o país à recessão". Ele disse ver uma situação conjuntural ``difícil", porque a redução da produção impedirá a absorção dos custos pelas empresas, provocando aumento dos preços. Benjamim Funari Neto, diretor do Departamento de Infra-Estrutura Industrial da Fiesp, disse que a atividade industrial já parou de crescer por causa dos juros altos. Para Funari, um dos efeitos do juros altos é a inadimplência (atraso de pagamentos de prestações e dívidas) na indústria. Nélson Peixoto Freire, presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica) disse que há uma ``grande inadimplência" entre os clientes da indústria eletroeletrônica. Segundo Freire, levantamentos preliminares mostram que as encomendas do comércio junto aos produtores de eletroeletrônicos devem cair de 5% a 10% em maio. ``As vendas do comércio para o Dia das Mães foram feitas com base em estoques adquiridos em meses anteriores". Mario Bernardini, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas, disse que a indústria vive uma ``corrida contra o cronômetro", tentando se adequar ao tempo fixado pelo governo para a redução dos juros. LEIA MAIS sobre conjuntura econômica nas páginas 2-7 a 2-9 Próximo Texto: Sobrevida longa; Operação de risco; Interesse externo; Muito róseo; Pouco rigor; Viva voz; Novas instalações; Navio cargueiro; Aquisição revista; Benefício da dúvida; Dose excessiva Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |