São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 1995
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Combustível ameaça saldo comercial

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

As importações de US$ 20 milhões por dia de gasolina, diesel e gás de cozinha pela Petrobrás podem desequilibrar a balança comercial e gerar um déficit (importações maiores que exportações) pelo sétimo mês consecutivo.
Vão contribuir para o déficit o atraso nos embarques de soja em grão -que costumam se concentrar nos meses de abril, maio e junho- e a manutenção das importações de automóveis.
Nos últimos seis meses -de novembro de 94 a abril deste ano- o país acumula déficit de US$ 4,163 bilhões na balança comercial (embarque de mercadorias exportadas e desembarque de produtos importados).
No mesmo período, o mercado de câmbio comercial -onde são realizadas as compras e vendas de dólares pelos importadores e exportadores- registrou um superávit cambial de US$ 1,382 bilhão.
Desde janeiro deste ano, as vendas de dólares pelos exportadores estão superando as compras dos importadores e revertendo os saldos negativos registrados nos últimos dois meses de 94.
Essas operações, porém, têm efeitos distintos na balança comercial. Os exportadores vendem antecipadamente os dólares, por meio de ACCs (Adiantamentos de Contratos de Câmbio), de mercadorias que serão embarcadas num prazo médio de 120 dias e só então registradas na balança comercial.
Os importadores, por sua vez, compram moeda estrangeira para pagar produtos à vista ou financiados, que já entraram no país.
O fluxo de divisas do mercado de câmbio vinha apontando tendência de um equilíbrio na balança comercial já a partir deste mês.
Esta tendência pode ser revertida pelas importações de derivados de petróleo e manutenção do volume de automóveis importados.
Segundo Emílio Julianelli, presidente da Abeiva, associação que reúne as importadoras de marcas sem fábricas no país, os carros que continuam chegando foram negociados antes do aumento do II (Imposto de Importação) para 70%, no final de março passado.
Outro motivo é o atraso nos embarques de soja em grão, que é um dos principais itens da pauta de exportação do país, junto com os seus derivados (farelo e óleo).
Segundo Ricardo Pelúcio, presidente da Associação dos Exportadores de Grãos, os produtores de soja estão preferindo entregar o produto em grão ao governo, já que o preço mínimo definido pelo governo Itamar Franco é superior à cotação de mercado.
Ele explica que os embarques de soja, na forma de farelo e óleo, serão diluídos ao longo do ano.
Pelúcio prevê ainda que a receita das exportações de soja e seus derivados deve cair de US$ 4,1 bilhões em 94 para US$ 3,2 bilhões em 95 (menos 22%), por conta da queda nas cotações do produto no mercado internacional.

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sobre comércio exterior nas págs. 2-2 e 2-3

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