São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Mãe que matou filho é encontrada morta no Sul

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A jornalista Vera Regina Weisheimer Manfredini, 45, acusada pela polícia de matar seu filho André, em julho de 94, no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, foi encontrada morta com um tiro na cabeça na última quarta-feira em um galpão da sua chácara em Almirante Tamandaré (a 20 km de Curitiba).
Na época, Vera disse que matou o filho para cumprir uma promessa feita a ele. Ela afirmou ter aplicado duas injeções de analgésico em André antes de disparar os cinco tiros.
O filho Luiz tinha excesso de insulina, hormônio que regula o nível de açúcar no sangue. Ele foi submetido a quatro cirurgias em Curitiba (PR) e uma em São Paulo. Ele foi morto um dia antes de receber alta dos médicos do Oswaldo Cruz.
A jornalista chegou a ficar presa, mas havia nove meses aguardava em liberdade o julgamento.
O delegado Gilson Bezerra, da delegacia de Almirante Tamandaré, abriu inquérito para apurar a morte de Vera. Segundo ele, as evidências indicam que ela cometeu suicídio.
O corpo da jornalista foi encontrado pela sua irmã Margarida Weisheimer, que também estava na chácara. Segundo policiais, Manfredini teria dopado sua irmã na noite anterior e ``preparado" sua morte.
A Agência Folha apurou que o corpo estava enrolado num cobertor, tendo ao lado a arma -um revólver calibre 38, de fabricação caseira-, óculos e vários bilhetes.
Os bilhetes, segundo a polícia, eram dirigidos a José Benedito Pires Trindade (marido de Manfredini), a amigos e ao filho morto (uma foto de André Luiz foi encontrada ao lado do bilhete).
Alguns dos bilhetes diziam ``por favor, não me incomode" e ``até que enfim eu consegui", de acordo com policiais que estiveram no local. Em outros dois bilhetes, ela teria escrito um pedido de desculpas ao filho e ao marido.
Vera já havia tentado o suicídio na mesma noite em que matou o seu filho, em 5 de julho do ano passado.
Ela teria encostado o cano da arma na testa e disparado. Segundo a polícia paulista, a jornalista não morreu porque a bala ficou encravada no osso da testa.
Anteontem, a polícia encontrou o revólver com quatro balas e apenas uma disparada. A polícia está investigando como Manfredini conseguiu a arma. A versão dos amigos é de que ela teria comprado o revólver de moradores da região.
Vera foi enterrada anteontem de manhã. A Agência Folha não conseguiu localizar parentes para comentar o assunto.

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