São Paulo, sábado, 20 de maio de 1995
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Agricultura perde US$ 270 mi nesta semana

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O impasse entre o governo e os parlamentares ligados ao setor agropecuário -a chamada bancada ruralista- provocou uma perda de pelo menos R$ 270 milhões para a agricultura nesta semana.
Este dinheiro não foi liberado pelo Banco do Brasil, uma vez que a instituição suspendeu os financiamentos do crédito rural até que se chegue a um acordo sobre a correção destes empréstimos.
Na última terça-feira, entrou em vigor a nova versão da lei 8.880, que acaba com a correção pela TR (Taxa Referencial de juros) no crédito agrícola. A lei, aprovada por pressão dos ruralistas, obrigou o BB a suspender os financiamentos.
Nesta semana, o BB deveria ter liberado R$ 100 milhões para a comercialização da safra plantada em 94 e R$ 170 milhões para o plantio do trigo.
O atraso no dinheiro para a comercialização, com o qual os agricultores estocam seus produtos, obriga-os a vender antecipadamente a safra, a preços baixos.
Consequências: cai a renda na agricultura e a inadimplência -atraso nos pagamentos de dívidas- tende a crescer.
O BB também considera grave o atraso do dinheiro para o trigo, porque há datas certas para o plantio. O governo já está refazendo para baixo as estimativas para a safra de trigo este ano.
Os financiamentos para o trigo seriam corrigidos pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), uma taxa bem abaixo da TR -cerca de 23% ao ano- e que os ruralistas também não aceitam. Também não foram liberados recursos do FCO (Fundo do Centro-Oeste) e do Finame-Rural (para aquisição de máquinas e tratores).
O deputado Nélson Marquezelli (PTB-SP), um dos líderes ruralistas, informou que discutirá com a equipe econômica do governo um novo indexador para a agricultura na próxima segunda-feira.
A discussão servirá de base para um projeto-de-lei. ``Só aceitaremos a correção pela equivalência-produto (variação dos preços mínimos da agricultura)", diz ele.
Enquanto a TR acumula uma variação de cerca de 30% desde julho de 94, os preços mínimos estão congelados neste mesmo período.

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