São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
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Governo quer desova de estoque

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
EDITOR-ADJUNTO DE ECONOMIA

Governo quer desova de estoque
Secretário de Política Econômica diz que processo pode segurar preços e equilibrar balança
O governo aposta que um processo de queima de estoques de produtos nacionais e estrangeiros vai acabar dando consistência às duas principais metas atuais do Plano Real: segurar a inflação e retomar o saldo positivo na balança comercial (exportações maiores que importações).
``A chave é a questão dos estoques", diz José Roberto Mendonça de Barros, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
O desenho esperado é chamado por ele de ``um ciclo de ajuste". Por uma série de fatores -especialmente a política de contenção de crédito e de juros elevados-, o consumo derrapou.
Enfrentando uma demanda menor, o lojista corta seus novos pedidos de mercadorias à indústria local -o que já começa a ser identificado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)- e para os importadores.
Em seguida, para fazer caixa (dinheiro) e escapar do crédito caro, o lojista parte para uma política de liquidação de estoques.
Essa política acaba segurando os preços (e, por decorrência, a inflação) e reduz a demanda por novas importações (abrindo espaço para uma balança positiva).
``Embora não existam números precisos, a minha convicção é de que o nível de estoques da economia é relativamente grande", afirma Mendonça de Barros.
Para ele, embora a existência de estoques grandes fique mais visível no setor automobilístico, existem também estoques de matérias-primas e de outros produtos.
É que as empresas, diz, procuraram se preparar para atender a um nível de demanda muito elevado -o que prevaleceu durante o segundo semestre do ano passado (os seis primeiros do Plano Real) e nos dois primeiros meses de 1995.
Mendonça de Barros ressalva, porém, o tamanho da queda do consumo. Ele o qualificou de ``lampejo". Ou seja, a queda ainda não está consolidada -apesar dos sinais da inadimplência e, lembrou o secretário como exemplo, do recuo dos preços dos aluguéis em Brasília.
O secretário calcula que um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, uma medida da riqueza nacional) da ordem de 5% é compatível com o equilíbrio desejado. Esse número comportaria uma inflação controlada e um saldo comercial positivo.
No primeiro trimestre do ano, segundo o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país registrou um recorde: cresceu 10,5%.

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