São Paulo, domingo, 21 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Técnicos, jogadores e quem decide quem vai jogar

TELÊ SANTANA

Alguns episódios recentes mostram que o futebol precisa de profissionalismo.
Profissionalismo por parte dos jogadores, técnicos, dirigentes, juízes...
Acho que é o que está faltando no futebol. Veja o caso da demissão do Valdir Espinosa, mandado embora do Palmeiras nesta semana.
Ele ficou apenas cinco meses no cargo, muito pouco tempo para desenvolver um trabalho consistente.
E há casos piores. Eu me lembro de treinadores que ficaram 20 dias no cargo ou até menos.
É uma mentalidade errada.
O time perde e a culpa fica sendo do técnico. O treinador vive como um eterno bode expiatório.
O São Paulo é uma exceção, nesse sentido. Estou há quase cinco anos no clube, os jogadores têm todas as condições para treinar.
Por isso que eu digo: eles defendem o melhor clube em que se pode trabalhar no Brasil. E devem suar a camisa, têm obrigação de fazer isso.
O clube tem que cumprir suas obrigações, pagar os contratados.
Os dirigentes devem organizar campeonatos decentes. Os técnicos têm que comandar o elenco, escalar o time. Os jogadores têm que jogar bola.
Não cabe a eles, e eu estou sempre repetindo isso, a decisão de quem joga.
É uma decisão minha. E eles têm que acatar.
Houve alguns casos curiosos aqui no São Paulo.
Mário Tilico, por exemplo, quando defendia o São Paulo, não aceitava a reserva.
Hoje ele está no Bragantino, um dos últimos colocados no Campeonato Paulista, e eu não soube de reclamações dele.
O Vítor, hoje no Corinthians, é outro caso.
Por que no São Paulo ele não podia ser reserva?
O próprio Cafu aceita ficar no banco no Zaragoza, da Espanha.
E o Zaragoza, certamente, não é melhor do que o São Paulo.
Nós já vencemos duas vezes o Mundial interclubes, duas a Libertadores, três o Campeonato Brasileiro.
Isso sem falar nos títulos paulistas e em outros torneios internacionais.
Quando os jogadores se conscientizarem de que recebem para treinar e apresentar um bom futebol, tudo vai ficar muito mais fácil para todo o mundo.
Quando falo em treinos, não estou excluindo os craques.
Eles também têm que treinar. Devem receber tratamento igual ao que recebem jogadores com menos habilidade.
Se cada um fizer seu papel adequadamente, o espetáculo vai melhorar. É o que estou sempre apregoando. E vou continuar até que eles aprendam.

Texto Anterior: Araçatuba tenta marcação rígida
Próximo Texto: Vôlei do Brasil pega espanhóis pela Liga
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.