São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 1995
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Defensores negam racismo

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Os defensores da ação afirmativa argumentam que ela ainda é necessária porque a discriminação contra negros e mulheres existe e é forte.
Citam como exemplo o fato de que, embora os homens brancos sejam apenas um terço da população dos EUA, eles são 80% do Congresso, quatro quintos do corpo docente universitário, 92% dos 400 maiores empresários do país.
Outro ponto dos defensores da ação afirmativa é que negros e brancos não concorrem em igualdade de condições: desde a alimentação pré-natal, os negros estão em desvantagem e, por isso, em nome da justiça, eles precisam de algum tipo de compensação.
Eles ainda dizem que nada há de escandaloso, em princípio, na noção de que raça e sexo sejam fatores importantes na seleção de pessoal.
Por exemplo: poucos discordariam que um negro deve ser contratado para ser policial em bairros negros de cidades com alta tensão racial.
Quase não houve críticas quando Ronald Reagan nomeou uma mulher para a Suprema Corte apenas para que houvesse uma mulher no mais alto escalão da Justiça norte-americana.
Também: se ninguém condena iniciativas particulares para beneficiar as minorias raciais (fundações que só dão bolsas de estudo para negros, por exemplo), por que tanta confusão quando o governo faz algo similar?
Se ajudar negros por serem negros é discriminação, argumentam os defensores da ação afirmativa, então todas essas iniciativas em seu favor, mesmo quando privadas, deveriam ser colocadas fora da lei.
Eles dizem que milhões de pessoas foram beneficiados pela ação afirmativa e que, sem ela, dificilmente haveria qualquer negro ou mulher na Suprema Corte, no ministério presidencial ou na direção de empresas.
Afirmam ainda que muitos homens brancos foram beneficiados pela ação afirmativa porque ela desmontou os esquemas de proteção a conhecidos e apadrinhados que prevaleciam nos sistemas de recrutamento e promoção do governo e de grande parte das empresas privadas.
Sem contar que as mulheres brancas de classe média foram o grupo demográfico que mais espaço conquistou no mercado de trabalho e no ensino superior graças à ação afirmativa.
Portanto, a política de minorias não é racista, dizem.
(CELS)

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