São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 1995
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Real aquece mercado interno

DO ENVIADO ESPECIAL

Inédito no país, o uso do código de barras em vasos de flores vendidos por alguns agricultores de Holambra é um dos sinais do crescimento do mercado.
O código de barras agiliza as vendas nos supermercados, ao eliminar as etiquetas de preços e a digitação no caixa.
``Depois da implantação do Plano Real, as vendas de flores nos supermercados praticamente dobraram", afirma Augusto Yasuo Aki, gerente de marketing da Cooperativa Agropecuária Holambra.
Segundo ele, com a queda da inflação pessoas de menor poder aquisitivo elevaram suas compras de flores, o que se refletiu nas vendas dos supermercados.
``Flor deixou de ser um produto exclusivo das lojas de floricultura", afirma.
A produtora Dora De Wit acrescenta outro fator para o aquecimento do mercado.
``A flor hoje já é oferecida a outra pessoa como um presente em si e não como algo que acompanha o presente principal".
No ano passado, o faturamento total dos 160 produtores de flores ligados à cooperativa alcançou US$ 50 milhões, o dobro em relação aos US$ 25 milhões de 93.
Animados com o mercado, os agricultores elevaram sua produção este ano.
A produção de violetas deve alcançar 18,8 milhões de vasos, com crescimento de 23% sobre 94.
A previsão da cooperativa aponta, ainda, a produção de 9,2 milhões de dúzias de rosas (22% maior), 2,5 milhões de pacotes de crisântemos (incremento de 30%) e 3,6 milhões de vasos de kalanchoe (aumento de 12%).
Embora a produção de flores na Holambra tenha aumentado, os preços médios este ano devem ficar próximos aos de 94, segundo Renato Optz, gerente de produto da cooperativa.
Segundo ele, os preços nas duas semanas que antecederam o último Dia das Mães foram mais altos do que os de igual período de 94.
O Plano Real provocou aumento no consumo de flores, estimulando preços mais altos.
Mas no segundo semestre, diz Optz, o mercado deve trabalhar com valores médios inferiores ao do mesmo período do ano passado.
No segundo semestre de 94, além do aquecimento da demanda, provocada pela queda da inflação, houve quebra de produção devido às geadas.
Dois terços da produção dos cooperados da Holambra são negociados no ``veiling" (palavra holandesa que significa leilão), a central de comercialização de flores da Holambra.
Baseado no modelo de comercialização da Holanda, maior produtora mundial de flores, o ``veiling" tem leilões eletrônicos pela manhã.
Há preços máximos e mínimos para cada tipo de flor.
Cada carrinho com flores recebe uma classificação, de acordo com a qualidade do produto.
Flores manchadas, por exemplo, são vendidas sem marca e com preços mais baixos.
Empresas da Holanda, país que exportou aproximadamente US$ 6 bilhões em flores prontas no ano passado, estão se associando a produtores cooperados da Holambra para a produção de mudas de crisântemos.
Como em uma linha de produção, as mudas são formadas no Brasil e enviadas às estufas holandesas.
Lá, as mudas viram flores destinadas à exportação.

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