São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 1995
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Russell viaja no próprio estilo

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Assim como existe o estranho mundo de Zé do Caixão, existe o estranho mundo de Ken Russell. O diretor de ``Viagens Alucinantes" (Globo, 0h) se caracteriza pela abordagem extremamente pessoal de seus temas.
E foi graças a ela que ``Mulheres Apaixonadas", adaptação sem medo de D.H. Lawrence, caracterizada por um sentido fortíssimo do erotismo, que seu nome se consolidou.
Com isso, suas biografias musicais (de Mahler, Tchaikovski) ou musicais mesmo (``O Namoradinho", ``Tommy") evoluíram para o francamente enjoativo, graças ao acúmulo desmesurado de elementos em cena.
Em ``Viagens Alucinantes", o estilo e o homem de alguma forma se encontram: a busca de si mesmo, através das experiências alucinógenas de um cientista (William Hurt), abre a possibilidade de transformar a imagem em puro delírio e o delírio em imagem.
Mas, feitas as contas, o que o filme faz é isso mesmo: reenviar uma a outra, sem evoluir em sentido algum. Existe a alucinação, mas não viagem, no sentido de transição para uma percepção diferente das coisas. Fica o estilo. No caso, uma chaga do cinema ``de autor".
(IA)

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