São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 1995
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Suspenso confisco em Jerusalém

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo de Israel suspendeu ontem por prazo indeterminado a decisão de confiscar terras palestinas em Jerusalém oriental.
"Esforços palestinos, árabes e internacionais valeram a pena, disse um porta-voz do líder palestino Iasser Arafat. Segundo ele, a suspensão não basta. Palestinos exigem cancelamento do confisco.
Também foi adiada uma reunião da Liga Árabe sobre Jerusalém, que estava marcada para o próximo fim-de-semana no Marrocos.
Israel anunciou no mês passado que iria confiscar 53 hectares de terras de propriedade árabe em Jerusalém oriental, para abrigar bairros judaicos e uma delegacia.
Sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos, Jerusalém é a maior fonte de discórdia nas negociações entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Com o surgimento de Israel, em 1948, a cidade ficou dividida em duas: o lado ocidental para Israel, o lado oriental para Jordânia.
Após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel anexou Jerusalém oriental, ampliada de 607 para 7.082 hectares com território da Cisjordânia. Israel considera a cidade sua "capital indivisível.
A OLP reivindica o lado oriental como capital de um futuro Estado palestino. Os únicos países que reconhecem Jerusalém como capital de Israel e lá têm embaixada são Costa Rica e El Salvador.
Israel já confiscou mais de um terço da área anexada em 1967 para construir bairros judaicos.
Só estão previstas discussões sobre Jerusalém para depois que estiver acertado um cronograma de devolução para toda a Cisjordânia.
O anúncio do novo confisco de terras na cidade fez palestinos exigirem negociação imediata sobre seu estatuto definitivo.
Líderes da OLP ameaçaram retomar a revolta popular com paus e pedras contra Israel que ficou conhecida por intifada.
Os EUA usaram seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para impedir uma resolução que condenava o confisco.
Dois partidos israelenses de maioria árabe ameaçaram no Knesset (Parlamento de Israel) impor um voto de desconfiança que poderia derrubar o governo do primeiro-ministro Yitzhak Rabin.
Após o anúncio do congelamento do confisco, porém, um dos partidos recuou. Ontem, por 58 votos contra 3 (e 43 abstenções), o governo Rabin ficou de pé.
A decisão de congelar o confisco veio ontem após uma reunião de emergência entre Arafat e o chanceler israelense, Shimon Peres, na faixa de Gaza.
Além do congelamento, Arafat arrancou de Peres a promessa de que Israel vai cumprir o prazo estabelecido para um acordo final sobre a retirada israelense da Cisjordânia: 1º de julho próximo.
Na cidade de Yafo (ao lado de Tel Aviv), um soldado israelense de 21 anos fez disparos ontem dentro de uma igreja sem deixar feridos. O soldado foi preso.

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