São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995
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Petroleiros mentem sobre acordo, diz Ciro Gomes

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes disse ontem que os petroleiros ``estão mentindo" ao reivindicar o cumprimento de um acordo feito no governo Itamar Franco.
Morando desde janeiro nos EUA, Ciro está em Fortaleza desde sexta-feira, participando de debates. A seguir, trechos de sua entrevista à Agência Folha.

Agência Folha - Como o sr. analisa a greve dos petroleiros?
Ciro Gomes - Essa greve é um absurdo. É uma expressão abusiva do corporativismo fascistóide do Brasil. Os petroleiros são a categoria com os melhores salários no serviço público. Não posso dizer que são grandes salários, mas são os melhores do serviço público.
Além disso, eles têm privilégios que os outros trabalhadores não têm. E esse grupo leva a população pobre a pegar filas enormes para comprar gás de cozinha. Nunca vi tanta insensibilidade.
Agência Folha - Os petroleiros pedem o cumprimento de acordo feito no governo Itamar...
Ciro - Eles estão mentindo. Se deram mal porque eu sei. Quem redigiu o acordo fui eu. O primeiro, o tal acordo de Juiz de Fora, assinado pelo presidente Itamar, diz na primeira cláusula: ``não será feita nenhuma inovação sobre as cláusulas determinadas pelo Tribunal Superior do Trabalho".
Depois, o presidente Itamar abriu, admitindo a readmissão de sindicalistas demitidos em greves passadas e a criação de uma comissão permanente de negociação para discutir acordos na área. Nada mais. Isso foi na primeira greve.
Depois, em dezembro, fizeram outra greve alegando intransigência da Petrobrás no desdobramento do acordo, que na verdade só fundou a comissão de negociação.
Para minha surpresa, o ministro das Minas e Energia, Delcídio Gomez, e o ministro do Trabalho, Marcelo Pimentel, fizeram acordo dando as cláusulas exigidas pelos petroleiros. No entanto, depois, o presidente Itamar veio a público desautorizar este acordo. Esta é a verdade. Não houve acordo.

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