São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995
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Para americanos, visita não é oficial

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo dos EUA tentou ontem caracterizar como ``particular" a viagem do presidente de Taiwan, Li Teng-Hui a Nova York no mês que vem.
Li será o presidente de Taiwan a ir aos EUA desde que os EUA reconheceram a República Popular da China (1979).
Taiwan, ilha a sudeste da China ocupada em 1949 por dois milhões de opositores do regime socialista liderado por Mao Tse-Tung no continente, é considerada por Pequim como parte de seu território.
O porta-voz do Departamento de Estado, Nicholas Burns, repetiu várias vezes ontem que a visita de Li não muda a posição oficial do governo norte-americano de reconhecer a reivindicação da China sobre Taiwan.
O governo Clinton pretendia negar visto de entrada a Li, que vem a Nova York para participar de reunião de sua turma na Universidade de Cornell.
Pressionado pelo seu Congresso, controlado pela oposição, Clinton resolveu dar o visto a Li, apesar da oposição da China.
O governo chinês já reclamou de outras iniciativas do Congresso dos EUA desde que a oposição a Clinton assumiu seu controle.
Entre elas: mais verbas para as operações da Rádio Ásia Livre e uma tentativa de forçar o governo a enviar um emissário especial ao Tibete, região autônoma da China, na fronteira com o Nepal, que reivindica independência.
O presidente da Câmara dos Representantes (deputados), Newt Gingrich, também tem defendido a entrada de Taiwan na Organização das Nações Unidas.
O governo chinês teme que Gingrich transforme a visita de Li aos EUA em uma visita de Estado ``de fato", ainda que não de direito.
As relações entre EUA e China têm estado tensas nos últimos dois anos. Os EUA têm reclamado de desrespeito aos direitos humanos e os dois países andaram à beira de uma guerra comercial no início deste ano.
Diversos analistas acham que a visita de Li acontece em momento muito inoportuno porque a cúpula do governo da China está prestes a ser reestruturada devido à idade avançada de seus líderes.
Suspeita-se que uma guerra pela sucessão esteja sendo travada e receia-se que a visita de Li possa servir de munição para os setores menos simpáticos à aproximação com o Ocidente e às reformas econômicas e políticas que vêm sendo postas em prática na China.

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