São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 1995
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Instituições estrangeiras pedem reformas e elogiam Plano Real

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Analistas das principais instituições financeiras de Londres e Nova York são unânimes em afirmar que o Plano Real completa quase um ano como um grande sucesso.
Eles dizem que o maior êxito foi derrubar a inflação sem recorrer a congelamento ou controle de preços e salários. Mas estão preocupados com o futuro.
Stephen Rose, presidente da corretora Stephen Rose & Partners, de Londres, especializada em mercados emergentes, diz que ``para prosperar o plano não pode ficar onde está".
Para ele, a sobrevivência do plano depende da aprovação das reformas. ``A menos que o país possa avançar nessa direção nos próximos seis meses, o plano não terá futuro e será lembrado apenas pelo seu excelente passado."
Daqui para frente o plano será julgado pelo andamento das reformas porque é impossível segurar a inflação apenas através dos juros.
Paulo Leme, diretor do setor de mercados emergentes da Goldman Sachs, diz que o mercado nova-iorquino adotou uma postura bastante favorável ao Brasil.
Para Leme, a ``melhor notícia" foi a decisão do governo de privatizar as grandes estatais, principalmente a Vale do Rio Doce, Eletrobrás e Telebrás.
Paul Luke, diretor da Morgan Grenfell, de Londres, diz que o Plano Real é, sem dúvida, um ``sucesso" até agora. Mas ``seria uma tolice deixar que a euforia do sucesso inicial contra a inflação impeça o país de corrigir seus tremendos problemas estruturais, entre eles a forte vinculação da receita orçamentária e dívida pública"
Thomas Trebat, diretor do Chemical Bank, de Nova York, diz que a ``inflação tem condições de ficar no patamar de 25% a 30% anuais por um razoável período pela frente".
Para ele, as últimas rodadas de votação no Congresso indicam que as reformas vão acontecer aos poucos e, com isso, criarão uma boa base para o Real no futuro.
``O Real navegou em águas perigosas, está numa região mais calma agora e com boas perspectivas de concluir sua viagem levando o Brasil para o futuro."
Segundo Trebat, a avaliação positiva do Brasil feita pelo Chemical Bank é baseada numa probabilidade relativamente alta de 60% a 70%, não numa certeza, do Plano Real dar certo.

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