São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 1995
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Rio vai assistir nova versão de `Metrópolis'

CRISTINA GRILLO

Cópia restaurada do filme de Fritz Lang, com mil metros a mais que as já exibidas no Brasil, abre evento na cidade

Uma nova versão do clássico do cinema mudo alemão ``Metrópolis", do cineasta Fritz Lang (1890-1976), será exibida no dia 2 de junho no Rio.
A versão, inédita no Brasil, tem mil metros a mais do que as versões já exibidas no país e duas horas de duração.
``Metrópolis" foi reconstituído pelos técnicos da cinemateca de Munique (na Alemanha) a partir de várias cópias espalhadas pelo mundo. A versão que chega ao Rio é a mais próxima do original de Lang -que desde 1926 sofreu diversos cortes.
O filme será exibido na abertura do seminário ``A Construção do Futuro". Durante o mês de junho, serão discutidos no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil, no centro da cidade), novas tecnologias de produção cinematográfica.
``Depois de 12 anos de trabalho, conseguimos fazer a versão mais completa de `Metrópolis' ", disse à Folha, por telefone, de Munique, Jan Christopher Horak, diretor da Cinemateca e um dos responsáveis pela reconstrução.
A ``novela" da recuperação de ``Metrópolis" é longa. A versão original de Fritz Lang -com 4.189 metros- ficou pouco tempo em exibição desde seu lançamento em janeiro de 1927 em Berlim.
Exigências do mercado americano trouxeram as primeiras mutilações ao original. ``Metrópolis" ficou com 3.241 metros.
Várias cópias do clássico alemão foram distribuídas a cinematecas do mundo, mas nenhuma com a versão original de Lang.
Para a recuperação, a Cinemateca de Munique usou cópias das cinematecas do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), do National Film Archive de Londres, a versão colorizada -e em formato de videoclipe- feita por Giorgio Moroder em 1984 e uma cópia descoberta com um colecionador australiano em 1980.
``O conceito da fita é o mesmo, mas a recuperação permitiu que `Metrópolis' voltasse a mostrar, com profundidade, os conflitos entre as classes", explica Horak.
Há várias cenas inéditas sobre a vida das classes trabalhadoras e sobre o luxo das classes altas. Na avaliação do diretor da cinemateca, a contradição entre as classes é mostrada de maneira mais incisiva.
Além de recuperar várias cenas, a versão feita pelos técnicos de Munique conseguiu também trazer de volta os créditos originais, que servem para explicar a trama.
Trechos da trilha sonora original foram adaptados para esta versão. ``Tivemos que adaptar a trilha para os 3.200 metros de filme que remontamos", explica Horak.
A versão de ``Metrópolis" foi concluída em dezembro do ano passado e estreou em fevereiro em Paris. No Rio, haverá uma sessão para convidados no dia 2 e outra, no dia 3, aberta ao público.
No dia 5 de junho, Horak fará uma palestra no Espaço Cultural dos Correios (ao lado do CCBB) sobre ``O futuro da preservação das imagens em movimento".

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