São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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FHC mandou Exército ocupar 4 refinarias

Ação permitiu retomada da produção, disse governo

PLÍNIO FRAGA
DA REDAÇÃO

Sem diálogo com os petroleiros em greve, sem perspectiva de solução para um movimento que completava mais de 20 dias de paralisação e com estoques de combustíveis em níveis críticos, o presidente Fernando Henrique Cardoso determinou a ocupação pelo Exército de quatro refinarias da Petrobrás para tentar garantir a retomada da produção.
A ação foi deflagrada na madrugada de quarta-feira e atingiu as refinarias de Paulínia, São José dos Campos, Mauá -todas três em São Paulo- e Araucária (PR).
Apesar de o Exército estar em prontidão havia dez dias, a ação surpreendeu os grevistas.
O presidente do PT, Luiz Inacio Lula da Silva, criticou a medida e tentou dar corpo à frente parlamentar que tentava reabrir negociações entre governo e petroleiros.
Mas Lula não apresentou solução concreta para encontrar uma saída que não sacrificasse a população e ao mesmo tempo preservasse o poder de pressão dos grevistas.
O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, classificou a atitude do governo como ``burra". Mas ao optar por chamar o Exército para ocupar quatro refinarias, FHC evitou enfrentar os grevistas onde poderia haver mais problemas -incluindo confronto direto com os militares, sujeito a mortes.
A refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, ocupada desde o último dia 6 por 500 petroleiros, foi poupada da ação do Exército.
Para vender a imagem que optou corretamente mesmo ao usar instrumento que carrega historicamente uma imagem autoritária, o governo, depois de dias anunciando um racionamento iminente, passou a afirmar, 24 horas após a ação, que a produção da Petrobrás atingiu 50% do seu total.
Na sexta-feira, os petroleiros amargaram nova derrota no Tribunal Superior do Trabalho. Os ministros reafirmaram a interpretação da greve como abusiva.

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