São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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Câmbio amarra política econômica

DA REDAÇÃO

A âncora cambial -dólar desvalorizado- continua sendo o principal instrumento para manter a inflação baixa, mas, ao mesmo tempo, o governo se transformou em refém dessa estratégia.
Depois do susto da crise mexicana, a equipe econômica passou a dar prioridade à volta dos superávits na balança comercial para afastar o risco de uma crise cambial (perda rápida de reservas em moeda forte).
Resiste, entretanto, em recorrer ao expediente clássico de desvalorizar o real frente ao dólar para estimular as exportações e conter as importações, pois isto teria fortes efeitos inflacionários.
Para compensar o exportador (que adianta contratos para aplicar reais no mercado doméstico), atrair dólares e conter o consumo sem mexer no câmbio, o governo mantém os juros altos.
Para Flavio Nolasco, economista da consultoria Brasilpar, as pressões sobre a balança comercial continuam. Tradicionalmente, diz ele, o primeiro semestre do ano é forte em exportações e o segundo em importações.
``O potencial de compra de bens importados ainda é muito grande", afirma ele.
Para resolver esta equação complicada o governo teria que promover uma redução dos salários ou uma ``tremenda recessão", duas saídas politicamente inviáveis. ``Sobra a desvalorização", que ele espera para julho.
Na opinião de Ibrahim Eris, ex-presidente do BC (Banco Central), o país está sem uma política cambial definida desde que o BC mudou a ``banda" em março.
Eris é dos poucos economistas que continuam acreditando, mesmo depois da crise mexicana, na possibilidade de se ancorar o plano de estabilização no câmbio. O problema do governo (e do mercado) é o de encontrar um preço para o dólar que seja capaz, ao mesmo tempo, de permitir que o país volte a ter uma balança comercial positiva (exportações maiores que importações) e que não represente um obstáculo à estabilidade interna de preços.

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sobre câmbio e juros à pág. 4 e 5

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