São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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Grandes investimentos, pequenos retornos

TELÊ SANTANA

O futebol brasileiro não tem condições de fazer grandes investimentos e loucuras. Continuo repetindo isso mesmo depois da contratação de Edmundo pelo Flamengo por mais de US$ 6 milhões e a possível vinda de Maradona ao Brasil.
Nenhum clube do país tem condições hoje de comprar um jogador por mais de US$ 1 milhão; a não ser o Palmeiras, com a multinacional que o patrocina.
Essa história de que o torcedor paga contratação não me convence. Ele não tem dinheiro nem para comprar o ingresso.
A receita dos nossos campeonatos tem sido muito baixa.
A solução é formar o jogador em casa.
Após essa primeira etapa, deve haver um equilíbrio entre vendas e contratações. Por seguir essa linha de conduta, o São Paulo é hoje uma equipe sem dívidas, que paga os seus profissionais em dia.
O Flamengo, após contratar Romário e Edmundo por uma soma vultosa, parece que encontra dificuldades para honrar compromisso com os demais jogadores. Além disso, não pagou uma parcela ao São Paulo do empréstimo de Válber.
Isso não é correto.
De nada adianta também pagar as estrelas em dia e ficar em dívida com os demais. Já passei por uma experiência como essa na seleção brasileira. A CBF queria pagar os prêmios do treinador e dos jogadores e deixar o resto da comissão técnica sem receber.
Não aceitei e também fiquei sem o dinheiro.
Para o Flamengo, é difícil manter o equilíbrio após investimentos desse nível.
Na minha opinião, o Flamengo está seguindo um caminho errado.
Logo o Flamengo que sempre foi uma escola na formação de jogadores. O seu lema era: ``Craque se forma em casa".
A vinda de Maradona, para qualquer clube brasileiro, também é discutível. Quem teria condições de pagar os US$ 18 milhões necessários para a sua contratação?
São jogadores que, devido a seus níveis salariais, poderiam inflacionar todo o mercado brasileiro.
Não digo que eles não mereçam receber um grande salário. Acho até que os outros jogadores não devem reclamar disso.
Seria a mesma coisa se o Maguila quisesse receber a mesma coisa que o Mike Tyson.
O problema é outro e envolve a estrutura do nosso futebol.
Temos que primeiro organizar nossos campeonatos para depois pensar em grandes investimentos.
Um novo calendário, mais racional, poderia solucionar o problema, aumentando o interesse do público pelos jogos e, consequentemente, a receita.

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