São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 1995
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Esgoto polui 7 praias em São Luís

CRIS GUTKOSKI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

Sete das oito praias de São Luís, capital do Maranhão, estão impróprias para banho devido ao alto índice de poluição por coliformes fecais (fezes).
A conclusão está no último relatório do Departamento de Monitoramento e Controle da Qualidade Ambiental, órgão da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
Nas demais -Calhau, São Marcos, Caolho, Ponta D'Areia, Araçagy, Olho D'Água e Raposa-, o banhista corre o risco de voltar para casa com micoses (alergias na pele) ou diarréia se ingerir a água contaminada por descuido.
A praia mais poluída é Ponta D'Areia, a 3 km do centro. A quantidade de coliformes fecais chega a 18 mil unidades em cada 100 mililitros de água.
O índice é 18 vezes superior ao considerado ``aceitável" pelo Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente), que é de até 1.000 coliformes por 100 mililitros.
Calhau, a praia mais badalada de São Luís, com bares, restaurantes e palcos para shows na orla, tem 1.110 coliformes fecais a cada 100 mililitros de água.
Segundo a química Terezinha Carvalho Leite, 39, do Controle da Qualidade Ambiental, a principal causa da poluição é a falta de tratamento do esgoto sanitário, despejado ``in natura" nas praias.
Na praia do Calhau, além do esgoto a céu aberto, os bares instalaram banheiros precários, cujos dejetos são despejados à noite na água do mar.
Em praias desertas como Panaquatira (a 35 km de São Luís, no município de São José de Ribamar), o esgoto não chega até a água e as condições para banho são consideradas excelentes.
O chefe da Assessoria de Preservação Ambiental da Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão, Mauro Rogério Pinto, 37, admite que a empresa é responsável pelo alto índice de poluição das praias porque consegue tratar apenas 10% de todo o esgoto coletado em São Luís.
Segundo ele, cerca de 200 mil casas da capital despejam fezes e urina ``in natura" nos rios Anil, Bacanga e nas principais praias. São Luís tem 800 mil habitantes.
``Saneamento básico é caríssimo e há anos não se tem recursos", afirmou.
Mauro Pinto disse que a Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão não pode receber dinheiro de organismos internacionais porque seus serviços não atingiram o nível de qualidade exigido pelo Banco Mundial.

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