São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 1995
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'Estou bem' diz refém brasileiro na Bósnia

AMAURY RIBEIRO JR
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NOVA LIMA (MG)

O capitão brasileiro Harley Alves, 30, tomado como refém pelos sérvios na Bósnia, enviou um bilhete para a sua mulher, Eliane Harley, em Nova Lima (MG), dizendo que está seguro e que não corre risco de vida.
O bilhete foi entregue anteontem à noite pelos sérvios a tropas das Forças de Paz da ONU (Organização das Nações Unidas), em Sarajevo, capital da Bósnia.
Ontem, às 6h (horário de Brasília), um oficial estrangeiro telefonou para Eliane para lhe transmitir o bilhete.
``Não corro risco. Estou bem. Te amo", escreveu o capitão. Segundo César Augusto Sander, cunhado de Eliane, o bilhete foi lido pelo oficial estrangeiro, que tinha dificuldade para pronunciar o português.
A família não soube dizer quem é o oficial estrangeiro que leu o bilhete. Foi o segundo contato do oficial brasileiro com as Forças de Paz da ONU na Bósnia, desde que ele virou refém.
Anteontem, Alves já havia se comunicado por rádio com militares da ONU, dizendo que estava bem. A família foi avisada.
Segundo a Agência Folha apurou, Alves esteve em Belo Horizonte (MG), a passeio, duas semanas antes de ter sido capturado.
Durante a visita, ele tentou tranquilizar a família sobre a situação na Bósnia.
Parentes de Eliane informaram à Agência Folha que ela teria se isolado numa chácara no interior de Minas, na companhia das filhas Natasha, 7, e Amanda, 4.
``Ela resolveu se isolar para diminuir o sofrimento", disse Isabel Sander, irmã de Eliane.
A Agência Folha apurou que Eliane estava na casa, em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte.
Anteontem à noite, Eliane disse à Agência Folha, por telefone, que estava tranquila porque o marido era um oficial tranquilo e bem preparado.
``Ele tem boa amizade com os sérvios e os presenteou com camisas da seleção brasileira", disse.
Estava marcada para às 18h de ontem, na igreja do Rosário, uma missa pela libertação de Alves. A família recebeu telefonemas de solidariedade de oficiais do Exército.
Alves trabalhava em Manaus (AM) como treinador do curso de sobrevivência na selva, quando foi escolhido, em setembro de 1994, para ir à Bósnia. Seu retorno ao Brasil estava previsto para setembro desde ano.
Além de Manaus, Alves trabalhou em Belo Horizonte e no Rio. O irmão de Alves, Edenílson Alves, é piloto da Aeronáutica na Base Militar de Belém (PA).
Segundo amigos do capitão, Alves é um oficial tranquilo. ``Ele sempre procurou passar tranquilidade aos amigos", disse o capitão Antônio Abreu, amigo de Harley.

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