São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 1995
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Lua-de-mel entre PSDB e PFL acaba em 96

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

A lua-de-mel entre o PFL e o PSDB tem um momento certo para terminar, não porque assim o queiram seus líderes, mas pelo que determina a realidade político-eleitoral. Esse momento será nos primeiros meses do ano que vem, quando chegar a hora de se compor o xadrez para as eleições municipais.
A estratégia do PFL para se tornar o maior partido brasileiro faz de 1996 um estágio fundamental, como diz o seu presidente nacional, o ex-senador Jorge Bornhausen.
``Se não crescermos nos centros urbanos, em 1996, não prepararemos o partido para 1998", diz Bornhausen. É o ano da sucessão presidencial.
Crescer nos centros urbanos significa, exatamente, disputar o poder com o PSDB, que aumentou seu cacife eleitoral, no pleito de 1994, justamente onde o PFL quer agora se tornar forte.
Os nomes que os pefelistas namoram são indicativos adicionais da inevitabilidade de uma disputa entre os dois parceiros mais importantes da coligação que elegeu FHC. Em São Paulo, Bornhausen confirma que o senador Romeu Tuma, ainda no PL, é ``o nome potencial" para a prefeitura.
Em Minas, o PFL ``conta com Hélio Costa", ex-deputado federal, hoje no PP, que perdeu o governo para o tucano Eduardo Azeredo. No Rio, finalmente, o partido incorporou, na segunda, o prefeito César Maia (ex-PMDB).
Foi justamente em São Paulo, Minas e Rio que o PSDB conseguiu seus mais vistosos troféus eleitorais em 1994, elegendo, respectivamente, os governadores Mário Covas, Eduardo Azeredo e Marcello Alencar.
Não passa pela cabeça de nenhuma liderança tucana deixar de ter candidatos às prefeituras das capitais desses Estados, o que indica a inevitabilidade de um confronto eleitoral com seu parceiro da atual coligação.
Mais ainda: um terceiro integrante da base parlamentar governista (o PMDB, justamente o maior deles) também vai para o pleito municipal disposto a dar combate a seus aliados.
``O PMDB vai pôr em campo, nas eleições, o seu primeiro time", diz o deputado Luiz Henrique (SC), presidente do partido.
A disputa eleitoral pode encerrar a lua-de-mel nas bases de cada partido, mas não significa a implosão da aliança. Ao contrário. O que os líderes de PFL e PSDB têm discutido com frequência é justamente a melhor maneira de tornar operacional uma aliança que eles admitem ser complicada.
O senador Artur da Távola (RJ), presidente nacional do PSDB, aponta uma das complicações: ``São partidos que se comem nos planos estaduais e municipais".
É verdade: o PFL ``comeu" Saulo Queiroz (MS), que era do PSDB, assim como o PSDB quer ``comer" Vilson Kleinubing (SC), que ainda é do PFL. O PMDB também não está em jejum. Já levou o ex-prefeito de Aracaju (SE) Jackson Barreto (ex-PDT).
Resta saber se, em 1996, quando se intensificar, a ``comilança', não acabará devorando a própria aliança federal.

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