São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 1995![]() |
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FUP também articula saída para impasse
SHIRLEY EMERICK; CRISTIANE PERINI LUCCHESI; GEORGE ALONSO
Os deputados Franco Montoro (PSDB-SP), Luciano Zica (PT-SP), Jair Meneguelli (PT-SP), Jaques Wagner (PT-BA) e os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Roberto Freire (PPS-PE) discutiram com a entidade a elaboração de um documento (um apelo dos parlamentares para o fim da greve) a ser apresentado nas assembléias regionais. O documento prevê o retorno imediato ao trabalho. A idéia é colocar o Congresso como fiador da negociação e os parlamentares respaldariam o acordo. A Folha apurou que Montoro foi autorizado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso a fazer a ``ponte-parlamentar" com os grevistas. Durante o encontro, pela manhã, com os líderes petroleiros, Montoro consultou FHC por telefone duas vezes. Por intermédio do seu porta-voz, Sérgio Amaral, FHC disse que ``vê com bons olhos qualquer idéia que busque o fim da greve". Oficialmente, FHC disse que acha positivo a busca de uma solução que envolva parlamentares. ``O governo acha possível que se encontre uma fórmula compatível nessas discussões, mas não negocia sem o fim da greve". Os líderes petroleiros querem acabar com a greve, mas precisam do aval parlamentar para conseguir convencer suas bases radicalizadas de que não haverá rompimento unilateral de um acordo. Não houve acordo sobre os tópicos do documento: demissões dos grevistas, parcelamento dos descontos dos dias parados e questões econômicas. O item que emperrou os entendimentos foi o das demissões. O documento falava em ``revisão" enquanto os petroleiros pedem o ``cancelamento" dos cortes. À noite, em nova reunião com Montoro, sindicalistas e parlamentares não conseguiram avançar na discussão. Montoro chegou a dizer que rever as demissões era o máximo que ele tinha conseguido junto a FHC até aquele momento. Às 22h, os petroleiros se dirigiram para a sede da FUP em Brasília para avaliar o andamento das negociações. Alguns integrantes do comando de greve dos petroleiros temem que a paralisação colabore com a aprovação da emenda constitucional que propõe a quebra do monopólio na exploração do petróleo. A emenda pode ser votada na próxima semana. Conforme a Folha apurou, setores do comando de greve avaliam que os deputados podem aprovar a proposta do governo influenciados pela radicalização da paralisação, que entra hoje no seu 29º dia. O governo precisa de três quintos (308 votos) do plenário para aprovar o texto na Câmara. A FUP também está preocupada com os instrumentos que o governo tem para intimidar os trabalhadores. A partir de sexta-feira, a Petrobrás pode alegar abandono de emprego (30 faltas consecutivas) e demitir todos os grevistas. (Shirley Emerick, Cristiane Perini Lucchesi e George Alonso) Texto Anterior: Rostos eram pintados de perfil Próximo Texto: Procuradoria pede inquérito sobre greve Índice |
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