São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 1995
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Triplica a rentabilidade com o real

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas brasileiras triplicaram os níveis de rentabilidade no primeiro trimestre deste ano em comparação aos três primeiros meses do ano passado.
Balanços de 89 companhias de vários setores avaliados pela consultoria Austin Asis mostram salto de 3,2% para 10,2% na rentabilidade das empresas no período -o desaquecimento da economia iniciou-se a partir de abril.
No geral, as companhias mantiveram, entre janeiro e março, a mesma rentabilidade obtida em todo o ano de 94 (cinco vezes maior que a de 93).
O setor têxtil, que pleiteia proteção do governo contra importações, figura entre os ramos mais rentáveis e com maiores vendas.
A rentabilidade da indústria têxtil no primeiro trimestre foi de 35,8% (contra 10,2% nos demais).
Em 1993 e 1994, segundo a Austin Asis, a rentabilidade do setor já era maior quando comparada à de outros segmentos.
Apesar dos resultados, a área têxtil -assim como brinquedos e porcelana- é a próxima na lista do Ministério da Indústria e Comércio (MIC) a obter possíveis proteções contra os importados.
Em maio, atendendo a reclamações dos calçadistas, o governo elevou de 20% para até 63% as alíquotas de importação para calçados.
Paulo Skaf, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), diz que o setor está em crise. Ele prevê importações de US$ 4 bilhões este ano (foram US$ 1,5 bi em 94). Segundo Skaf, as importações ``ameaçam" as 15 mil empresas da cadeia têxtil e podem provocar ``desemprego em massa" entre os três milhões de trabalhadores.
O empresário defende ``medidas emergenciais" contra a ``concorrência desleal" no setor de camisas, blusas e tecidos sintéticos.
André Ranschburg, presidente da Staroup e do Sindiroupas (confecções), diz que o governo ``deve agir para proteger a indústria nacional". Segundo ele, as importações em alguns setores foram, nos últimos meses, ``dez vezes maiores" do que a produção interna.
David Preciado, chefe de gabinete do MIC, que analisa o aumento da taxação sobre os importados, diz ter ``informações de que muitas empresas estão fechando" por causa das importações. Preciado diz desconhecer os números que mostram a rentabilidade das empresas do setor têxtil.
Devanir Danna, diretor-financeiro da Marisol, empresa têxtil que figura entre as mais rentáveis (com rentabilidade de 51,3%), afirma que, ``antes de buscar proteção, as empresas do setor deveriam ir atrás de aumento de produtividade". Ele considera os importados ``um concorrente a mais".
Danna é membro do sindicato das empresas têxteis em Jaraguá do Sul e Blumenau e disse que as empresas na região (300 companhias, entre elas Sulfabril, Hering e Malwee) trabalham hoje a plena capacidade.

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