São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995
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Cai a produção industrial em SP

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Abafada pelas medidas anticonsumo do governo, a indústria paulista está perdendo o gás, conforme revela o INA (Indicador do Nível de Atividade), da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Boris Tabacof, diretor titular do Departamento de Economia da Fiesp, disse que os números estão confirmando que está havendo uma reversão na tendência de crescimento da atividade industrial.
``O setor industrial sentiu a queda de demanda provocada pelo elevado nível das taxas de juros e pelas restrições ao crédito ao consumidor", afirmou.
Estoques
As vendas da indústria paulista declinaram 10,7% e as horas trabalhadas na produção caíram 0,4%, na comparação entre abril e março deste ano.
``Os resultados do INA de abril mostram que o governo alcançou, a uma velocidade surpreendentemente rápida, os seus objetivos de frear a economia", afirmou o diretor da Fiesp.
Tabacof disse que a queda maior das vendas (10,7%) em comparação com a produção (4,1%) em abril sinaliza uma tendência de formação de estoques no setor industrial.
``A queda nas vendas é maior do que a registrada na produção em períodos de reversão da atividade econômica", afirmou.
Isso ocorre, de acordo com Tabacof, porque o processo de ajuste da produção à queda de vendas não ocorre de forma imediata.
Na avaliação da Fiesp, segundo o diretor da entidade, ``já há espaço para que o governo dê início a um processo gradual de alívio no arrocho ao crédito".
``Acredito que a descompressão vai começar logo, porque o governo não tem interesse em um recuo tal da economia que possa causar problemas mais graves, como desemprego em massa, inadimplência geral e quebra de empresas", acrescentou.
Tabacof disse que as estimativas preliminares do INA de maio mostram que vai haver mais declínio na produção industrial em São Paulo.
``Os setores de alimentos e embalagens, que são termômetros da atividade econômica, revelam queda de vendas em maio em relação ao mês anterior."
Comparações
O levantamento conjuntural da Fiesp mostra que o INA de abril deste ano teve crescimento de 20,8% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Para Tabacof, porém, isso não reflete a situação efetiva da indústria paulista.
``Em função do forte crescimento da produção no segundo semestre do ano passado, na esteira da introdução da nova moeda, todas as comparações em relação ao primeiro semestre vão mostrar números elevados", afirma o diretor da Fiesp.
Segundo Tabacof, uma sinalização disso é dada pela queda de 0,18% no nível de emprego industrial no Estado de São Paulo, verificada nas três primeiras semanas de maio.
Em abril passado, o número de pessoas ocupadas na indústria paulista estava 1,9% acima do total no mesmo mês do ano passado.
O salário nominal médio (sem desconto da inflação) cresceu 4,5% em abril, em comparação com março e o salário real (descontada a inflação) subiu 1,8%.
Ontem, o CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu, em Brasília, afrouxar o depósito compulsório sobre os bancos. A medida deve provocar recuo nas taxas de juros.

LEIA MAIS
sobre as medidas do CMN na pág. 2-3

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