São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Tarifa defasada dá lucro de R$ 16 milhões

CLAUDIO AUGUSTO
DA REPORTAGEM LOCAL

As 47 empresas de ônibus de São Paulo lucraram, desde a implementação do Plano Real, R$ 1,6 milhão a mais por mês do que prevê a lei e o acordo assinado com a prefeitura. Em dez meses, o lucro foi de R$ 16 milhões.
A legislação determina que a remuneração das empresas seja feita com base em seu custo.
O excesso de arrecadação deveu-se ao fato de a CMTC, atual São Paulo Transporte S/A, não ter refeito a planilha de custos das empresas levando em conta o aumento de 9,12% no total de passageiros depois do Plano Real.
Para determinar quanto cada empresa deve receber por passageiro, os técnicos da prefeitura fazem o seguinte cálculo: dividem o custo total do sistema pelo número de passageiros transportados.
Em junho de 94, esta conta deu R$ 0,53. Mas a prefeitura aplicou o que chama de taxa de equalização e decidiu pagar R$ 0,50. Em tese, as empresas perderiam três centavos por passageiro.
O presidente do Transurb (sindicato das empresas de ônibus), Maurício Lourenço da Cunha, não foi localizado ontem para explicar por que os empresários aceitaram arcar com esse prejuízo.
Se este mesmo cálculo fosse feito levando-se em conta o crescimento de passageiros pós-Real, o resultado seria R$ 0,48.
Quanto mais pessoas pagam a passagem, menor é a tarifa necessária para cobrir o custo total do sistema, que foi de R$ 87,2 milhões em junho de 1994.
Francisco Christovam, diretor da São Paulo Transporte, alega que as empresas colocaram mais ônibus nas ruas para poder suportar o aumento de passageiros.
Portanto, segundo Christovam, o custo do sistema subiu, o que neutralizaria esse lucro de R$ 16 milhões dos empresários.
Pela planilha de abril de 95, o custo mensal do sistema era de R$ 88,8 milhões -crescimento de 1,8% em relação a junho de 94.
Esta planilha já considera a incorporação de 331 ônibus à frota e outras pressões de custo. O diesel, que caiu de preço no fim do governo Itamar, foi majorado em 0,5% na planilha de abril de 95.
Supondo-se que o custo do sistema fosse de R$ 88,8 milhões já no início do Plano Real, o custo por passageiro seria de R$ 0,49 -e não de R$ 0,53.
Este valor é o resultado da divisão entre o custo do sistema já com mais ônibus na rua (R$ 88,8 milhões) pelo total de passageiros transportados (9,12% além do que os técnicos consideraram).
Essa diferença de R$ 0,01 na tarifa representou um aumento de 2% no faturamento das empresas.

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