São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Navio retém 8 garotas por 28 dias

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Oito mulheres, das quais duas menores, desembarcaram anteontem no porto de Rio Grande (RS) depois de 28 dias a bordo do navio Bocsa, de bandeira romena.
Elas acusaram a tripulação do navio de mantê-las por esse tempo em cárcere privado. Dizem ainda terem sido vítimas de agressões.
As mulheres teriam entrado no navio no dia 3 de maio, em Vitória (ES), para fazer ``programa" com os tripulantes da embarcação.
A Polícia Federal pediu a prisão temporária do comandante do navio, Misu Broasa, e do primeiro-oficial, Nicolae Grosan, ambos romenos. O pedido foi atendido pelo juiz Eduardo Garcia.
A tripulação era composta de 21 homens.
Gisela Taufiner, uma das garotas de programa, disse que os tripulantes não pagaram o que deviam a cada uma.
Segundo ela, o preço cobrado era de US$ 140 para cada garota por dois dias de programa na costa do Espírito Santo.
Com as mulheres a bordo, o navio zarpou de Vitória rumo a Buenos Aires. Elas desembarcaram em Rio Grande depois que o navio retornou da capital argentina.
Segundo a polícia, as mulheres disseram que os tripulantes as mantiveram escondidas para que não fossem vistas pelas autoridades portuárias argentinas.
Em Rio Grande, elas foram descobertas pelos guardas portuários que fizeram a vistoria do navio.
O cônsul da Romênia em Porto Alegre, Emilio Cioba, comunicou ontem o fato à embaixada romena em Brasília, que, por sua vez, avisou o Ministério das Relações Exteriores, em Bucareste, capital da Romênia. O cônsul falou por telefone com o comandante do navio, que está preso na Delegacia da Polícia Federal em Rio Grande.
``Ele quase não conseguia falar. Estava deprimido", disse o cônsul, para quem a tripulação ``fez coisa que não devia".
O advogado Franck Peluffo, contratado para defender os romenos, disse que eles não cometeram crime de cárcere privado (impedir o direito constitucional de ir e vir).
Peluffo declarou que estava estudando uma medida para libertar os dois romenos. O navio deveria seguir viagem para a Itália, mas não zarpou devido as prisões.
As garotas pretendiam retornar ainda ontem para Vitória.

A colunista Barbara Gancia, que escreve às quartas e sextas neste espaço, está de férias.

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