São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Loyola quer reduzir compulsório

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente indicado para o Banco Central, Gustavo Loyola, tem uma estratégia definida para baixar o custo do crédito: manter os juros altos e reduzir os compulsórios.
Essa é uma das opiniões de Loyola levantadas pela Folha, expressas nos últimos dias, em consultorias e textos da MCM Consultores, na qual é sócio de Mailson da Nóbrega.
A Folha apurou também que o convite para assumir a presidência do BC foi feito pelo próprio Malan no dia 2 de maio. Loyola aceitou no dia 6.
Na próxima quinta-feira, Loyola será sabatinado no Senado Federal, que em seguida votará sua indicação para o BC. Deve aprová-lo com ampla maioria.
A seguir, um resumo das opiniões de Loyola:

JUROS
A decisão de elevá-los foi tomada no momento oportuno. Em um programa de estabilização, é preciso manter a economia desaquecida. A previsão para 1995 é de um crescimento no nível de 4% a 5% ao ano, daqui para a frente.

ALÍVIO
Foi oportuna a decisão do BC de começar o alívio na política de crédito. Mas a descompressão tem que ser gradual. Não se pode soltar as rédeas de uma vez.
O melhor meio de descompressão é reduzir menos a taxa de juros e mais os compulsórios (depósitos que os bancos são obrigados a deixar no BC e que reduzem a quantidade de dinheiro disponível para financiamentos).
São os compulsórios que elevam o juro para o tomador. Pode-se, portanto, reduzir o custo do crédito, pelo alívio no compulsório, mas manter alta a taxa para o poupador -o que é necessário para estimular a poupança.

CÂMBIO
Não há razões para mexer.

BANESPA
O ideal é a privatização, não apenas do Banespa, mas de todos os bancos estaduais. Mas é claro que não dá para avançar sem negociação com os governadores.
A negociação em torno do Banespa, que está bem adiantada, não sofrerá atrasos.

PLANO REAL
É a melhor experiência de estabilização desde 1986. Tem toda a chance de dar certo, mas terá necessariamente um avanço gradual.
O plano depende das reformas estruturais (tributária, previdenciária, fiscal, privatização), cuja implementação é lenta, dadas as circunstâncias políticas.
Inflação na faixa dos 25%, neste ano, deve ser considerada um bom resultado. Em 96, uns 18% também estariam bons.

INFLAÇÃO
O princípio básico é o seguinte: a inflação é o grande mal do país, porque concentra renda contra os mais pobres e inibe investimentos.
Eliminar a inflação é prioridade número um. Não se pode abandonar o plano de estabilização para fazer crescimento antes da hora.

MORTOS
Todo plano de estabilização deixa mortos pelo caminho. Setores atrasados da economia, empresas e pessoas excessivamente endividados, por exemplo.

FUTURO
O plano, para dar certo, precisa avançar na direção da desindexação da economia.
Pode ser gradual, tanto no caso dos salários quanto no da extinção da Ufir, por exemplo. Mas precisa chegar na livre negociação salarial.

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