São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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O modernismo da Geração de 45

DA REPORTAGEM LOCAL

A Geração de 45 é tema de uma exposição comemorativa em São Paulo, no Sesc Consolação (r. dr. Vila Nova, 245, tel. 011/256- 2322, região central). A seleção do material foi feita pelo poeta Mário Chamie e o projeto gráfico, pela designer Emilie Chamie.
``Geração de 45 - 50 Anos" reúne painéis com poemas, fotos, ilustrações e comentários referentes ao grupo literário que reuniu, entre outros, os poetas João Cabral de Melo Neto, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Lêdo Ivo, Geraldo Vidigal, Domingos Carvalho da Silva, Bueno Rivera e outros.
Essa geração propunha, sob influência das idéias do poeta e crítico Mário de Andrade (1893-1945) no final da vida, uma maior elaboração formal e um distanciamento do nacionalismo, em contraposição ao modernismo de 1922.
O tom elevado, o uso prevalecente de metáforas, a adoção de formas clássicas (como o soneto) são características dessa poesia.
Ela hoje pode muitas vezes parecer retórica, quase neoparnasiana, porque lembra o formalismo pregado pelos parnasianos do final do século passado. Mas, na época em que surgiu, foi considerada por críticos como Tristão de Athayde uma ``nova fase do modernismo".
Foi nessa geração que, em contraposição ao despojamento modernista, se começou a falar com ênfase em ``autonomia" do poema, valorizando a linguagem em vez do tema -o que influenciou muito a poesia posterior.
A disposição gráfica dos painéis tem a intenção de sugerir essa variedade. Os poemas estão em vermelho, constituindo uma antologia representativa da produção do período. Os comentários, em preto, formam uma fortuna crítica. Há também as ilustrações, que os poetas de 45 valorizavam muito na apresentação de um livro.
A iniciativa de organizar a exposição foi do Clube da Poesia, de São Paulo, que forneceu o material. O clube nasceu com a Geração de 45, editando revistas e promovendo encontros.
A geração era muito ativa também na crítica e na tradução. Publicou em livros e revistas poetas como Paul Valéry, Rainer Maria Rilke, T.S. Eliot e Ezra Pound e críticos como I.A. Richards e William Empson.

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