São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Petronio!

ZECA CAMARGO

Petronio
Rapidez e resistência. Só com isso Stephen Petronio está feliz com sua companhia de dança, que volta ao Brasil para esta edição do Carlton Dance Festival. Após um romance com o coreógrafo inglês Michael Clark, ele decide mergulhar no seu trabalho e procurar cada vez mais velocidade. A rapidez parece estar em toda sua vida -parte dela revelada nesta entrevista feita por telefone, depois de um dia de ensaios em Florença, na Itália. Depois de uma educação conservadora de uma família de classe média americana (descendentes de italianos), Petronio descobriu o prazer de dançar. E com ele, os outros prazeres do mundo -de Stravinski a sua filha de seis anos. Agora, claro, ele só quer descobrir mais

Sua dança é sobre velocidade?
É , sobre o quanto de informação você consegue passar em um momento. Isso é muito importante para mim, para eu tentar aumentar esse limite, até onde eu posso ir como bailarino. Isso é evolução.
E não há limite para isso?
Espero que não, até você virar luz. Balanchine foi o primeiro a pisar no acelerador da dança.
Quando você começou a acelerar?
Comecei a dançar quando fui estudar em Hampshire, Massachussets. Nunca tinha visto dança antes, porque eu não tive nenhum contato com as artes através da minha família -classe média baixa, de origem italiana. Mas antes de eu ir para o colégio alguém me levou para ver o balé ``A Bela Adormecida", em Nova York. Depois eu fui fazer algumas aulas de improvisação e no momento em que eu saí da sala eu já estava viciado em movimento.
Por onde você passou antes de ter sua companhia?
Por vários lugares. Mas uma das pessoas mais importantes com quem trabalhei foi Trisha Brown, em 1979.
Daí para criar uma companhia própria foi difícil?
Foi um grande salto. Mas eu já coreografava desde a escola. Eu comecei a dançar tão tarde que eu nunca pensei que eu seria bailarino.
Mas dá para ser um bom coreógrafo sem ser um bom bailarino?
Meu ponto forte foi não ter de esquecer sobre dança. A maioria das pessoas tem que esquecer as aulas, as técnicas para poder dançar -e eu não tive que esquecer nada. Tudo que eu tive que fazer foi descobrir minha voz. Eu nunca preciso saber quais são as regras para quebrá-las.
A companhia tem quantas pessoas?
Oito. E eu sempre tenho um bailarino convidado também.
Você estimula seus bailarinos a fazer coreografias?
Depende só deles. Se algum deles quiser se tornar um coreógrafo, pode ir em frente. Estou sempre pedindo para meus bailarinos resolverem problemas.
Como assim?
Eu proponho coisas sempre diferentes. Às vezes, a partir do meu corpo ou do corpo deles. Às vezes proponho só alguns passos e peço para eles criarem em cima. Meus bailarinos têm que ter a melhor técnica possível e também boa cabeça.
O que você faz em Florença?
Trabalho com uma companhia daqui, Maggio Danza, montando ``Sonho de uma Noite de Verão".
É a primeira vez que você vai à Itália?
Não, já passei por aqui algumas vezes com minha companhia. Mas é a primeira vez que sou comissionado para um trabalho aqui.
Você é convidado para trabalhar em vários países?
Certamente. No ano passado eu coreografei para o Balé de Lyon, na França, para a Deustch Opera, em Berlim, e muitos outros.
Com quais companhias você ainda não trabalhou, mas gostaria?
O San Francisco Ballet, talvez. Claro, eu não me incomodaria em fazer algo para o New York City Ballet. Mas ainda sou meio jovem...
O que o Brasil vai ver?
Uma coreografia que eu já dancei aí, ``Middle Sex Gorge", e duas inéditas: ``The King is Dead", versão do ``Bolero" de Ravel com cenários de Cindy Sherman, e uma peça que acabou de

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