São Paulo, segunda-feira, 5 de junho de 1995
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Rótulo pode confundir consumidor de dietéticos

DANIELA FERNANDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os rótulos de dietéticos muitas vezes acabam confundindo o consumidor sobre o produto que ele está adquirindo.
Segundo o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que analisou 34 alimentos e produtos dietéticos (leia texto ao lado), a rotulagem, na maioria das vezes, não informa o consumidor de maneira clara. Dos 34 rótulos, apenas um foi considerado bom.
Além de informações em letras minúsculas situadas em locais pouco visíveis da embalagem e da linguagem técnica, os rótulos não esclarecem a que tipo de público se destina o produto e o valor nutricional dos ingredientes (o que pode dificultar a prescrição da dieta pelo médico).
Segundo Sezifredo Paulo Paz, 35, sanitarista e técnico em qualidade de alimentos do Idec, a rotulagem deve mencionar de forma bem visível os ingredientes, o código de composição do produto e a quantidade máxima que pode ser consumida diariamente.
O Idec cita como exemplo de rótulo que pode iludir o consumidor o Ovomaltine sabor suíço da Wander (que não fez parte do teste). O produto destaca na embalagem o fato de não conter açúcar e menciona, em letras menores, ter glucose (o mesmo que glicose).
Alexandre Caldini, 33, gerente de marketing da Wander S.A., fabricante do Ovomaltine, diz que o rótulo do produto informa que não é dietético. Segundo ele, a empresa está estudando uma forma de melhorar o rótulo do Ovomaltine suíço e deverá fazê-lo em breve.
O nome do produto também pode confundir o consumidor. O pó para gelatina Zero-Cal tem na realidade 9,37 calorias. Na embalagem está especificado que se trata de uma marca fantasia e que o produto contém calorias.
O Ministério da Saúde estaria, segundo Paz, regularizando a situação dos dietéticos. Uma portaria publicada em 15 de maio regulamenta o uso das expressões ``diet", ``light" e ``baixa caloria" nas embalagens.
Paz diz que o marketing em torno dos dietéticos e as várias denominações no mercado contribuíram para confundir o consumidor, que muitas vezes usa erroneamente um produto diet para emagrecer.
``O Ministério da Saúde não elaborou, na época em que os dietéticos foram liberados, uma legislação adequada sobre o assunto. Ela é insuficiente para o controle dos produtos, principalmente em relação à rotulagem. As empresas agem de acordo com os seus próprios critérios", afirma Paz.
Thelma Charbel, 23, é uma das pessoas que compram algum tipo de ``diet" para manter o peso. Ela consome um achocolatado e um pão de glúten e descobriu, com uma pesquisa divulgada pela Folha recentemente, que esses produtos podem ter mais calorias que os normais (veja quadro ao lado).

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