São Paulo, segunda-feira, 5 de junho de 1995 |
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Projeto pró-doação de órgãos é aprovado
DA REPORTAGEM LOCAL A Câmara Municipal de São Paulo aprovou na semana passada projeto de lei que cria novos critérios para a doação de órgãos no município. Para virar lei, o projeto ainda precisa ser sancionado pelo prefeito Paulo Maluf.O projeto, de autoria do vereador Paulo Roberto Faria Lima (PMDB), 31, cria o Cadastro Municipal de Não-Doadores de Tecidos, Órgãos ou Partes do Corpo (Camund), ligado à Secretaria Municipal da Saúde. Quem não quiser ter seus órgãos doados após a morte deve se cadastrar no Camund. Caso contrário, seus órgãos são considerados disponíveis para a doação. ``Espero que o prefeito aprove o projeto, pois é uma lei que visa salvar vidas", diz Faria Lima. A assessoria do prefeito Paulo Maluf informou que ele ainda não se manifestou sobre o assunto. Sueli Dallari, 44, professora de direito sanitário da Faculdade de Saúde Pública da USP, diz que a lei federal de transplantes, nº 8489, de novembro de 92, já prevê que todos são supostos doadores, a menos que digam o contrário. ``Por essa lei, mesmo se não houver consentimento expresso do doador em vida, será procedida a retirada do órgão, salvo se houver manifestação contrária dos familiares", diz Sueli. Segundo Faria Lima, mesmo que seja sancionado, o projeto precisa ser regulamentado, e essas questões podem ser discutidas. ``A Constituição garante ao brasileiro a inviolabilidade do direito à vida, e o projeto garante isso", afirma Faria Lima. Raul Cutait, cirurgião gastroenterologista, diz que o projeto é bom por aumentar a disponibilidade de órgãos. ``Mas, do ponto de vista emocional, o projeto é constrangedor, pois há famílias que entendem isso como mutilação". ``Seria mais eficiente fazer uma grande campanha de informação e facilitação para a doação, desburocratizando os procedimentos." Pesquisa Datafolha publicada no último dia 6 mostra que 75% dos paulistanos doariam seus órgãos, mas 63% não sabem como fazê-lo. Texto Anterior: Transferência de presos causa tumulto no Rio Próximo Texto: Nada muda, diz especialista Índice |
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