São Paulo, terça-feira, 6 de junho de 1995
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Petroleiros decidem pressionar deputados

SHIRLEY EMERICK

SHIRLEY EMERICK; GABRIELA WOLTHERS; MARCUS FERNANDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após ser derrotada na greve, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) está empenhada em garantir a manutenção do monopólio da União na exploração do petróleo.
A entidade está ajudando parlamentares do PT, PDT e do PC do B a tentar impedir a vitória do governo no plenário da Câmara. A emenda constitucional deve ser colocada em votação amanhã.
A estratégia pró-monopólio também inclui a invasão da galeria do plenário. O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), disse que não vai permitir agressões físicas e verbais aos deputados no dia da votação.
``Se eles (os manifestantes) disserem um ai" eu primeiro advirto e depois mando esvaziar as galerias. Também não vou admitir corredor polonês", afirmou.
O grupo quer convencer 110 deputados ainda indecisos a não comparecer no plenário. A idéia é evitar que o governo consiga os 308 votos necessários para aprovar a quebra do monopólio.
O ex-petroleiro e deputado federal Luciano Zica (PT-SP) coordena 22 parlamentares encarregados de convencer, cada um, cinco outros colegas. ``Nossa principal estratégia é a argumentação".
Para convencer, os deputados alegam que o preço do combustível ao consumidor aumentou 70% na Argentina, depois do fim do monopólio do petroléo. Aos congressistas do Nordeste lembram ainda a polêmica da instalação da refinaria na região.
O investimento, de US$ 2 bilhões, está prometido para um Estado do Nordeste. Segundo Zica, a iniciativa privada não vai se dispor a investir tanto em uma região pobre. ``Esta refinaria só tem chance de sair do papel com a manutenção do monopólio", afirmou.
Amanhã, petroleiros e parlamentares comandam um ato público no Congresso. Têm o apoio da Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobrás), que treinou 50 aposentados da estatal para fazer o corpo-a-corpo no Congresso.
Desde abril, semanalmente grupos de oito técnicos vão à Brasília convencer deputados a não aprovar o texto do governo. A Aepet arrecada R$ 40 mil mensais dos associados para custear os gastos.
Ontem, o presidente do Sindicato dos Petroleiros da Baixada Santista (SP), Averaldo Menezes, disse à Agência Folha que defende uma nova greve da categoria para impedir a quebra do monopólio.
``Na próxima greve, todas as refinarias do país têm que ser ocupadas pelos petroleiros", afirmou. Menezes liderou os grevistas que ocuparam a Refinaria Presidente Bernardes (Cubatão) por 24 dias.

Colaboraram GABRIELA WOLTHERS, da Sucursal de Brasília, e MARCUS FERNANDES, da Agência Folha, em Santos

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