São Paulo, quarta-feira, 7 de junho de 1995
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Petróleo uniu direita e esquerda

Pai de FHC participou da campanha

DA REDAÇÃO

A campanha do ``Petróleo é nosso", que resultou na criação da Petrobrás, começou em 1948 sob a liderança do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional.
Entre os criadores do centro estava o general Leônidas Cardoso, pai de Fernando Henrique Cardoso. Seus presidentes de honra eram Arthur Bernardes, ex-presidente da República, e os generais Horta Barbosa e José Pessoa (os militares nacionalistas eram os principais articuladores do movimento).
A campanha só ganhou impulso após a posse de Getúlio Vargas (PTB) na Presidência, em 1951. Em 6 de dezembro desse mesmo ano, Vargas enviou projeto ao Congresso criando a Petrobrás.
O texto inicial previa a criação de uma empresa de economia mista sob controle estatal, mas não impedia a atuação de empresas privadas no setor, inclusive as estrangeiras.
Em janeiro de 1952, porém, um deputado do PTB, Euzébio Rocha, apresentou substitutivo estabelecendo o monopólio estatal do petróleo, o que contrariava a posição do governo.
O projeto de Vargas e o substitutivo do PTB ainda estavam em discussão quando, em 10 de maio, a UDN, partido conservador que se opunha a Vargas, também assumiu a defesa do monopólio estatal.
A decisão da UDN, que em geral defendia o capital estrangeiro, foi motivada por razões eleitorais, em função do apoio da opinião pública à campanha. Em 6 de junho, o deputado Bilac Pinto (UDN-MG) apresenta outro substitutivo, que também propunha o monopólio estatal.
A campanha do ``Petróleo é nosso" uniu assim os setores de esquerda (PTB, PCB) à direita, representada pela UDN. Contrário ao monopólio, Vargas acaba se desgastando, acusado de ser ``aliado do imperialismo" pelos comunistas e até por dirigentes do seu partido.
Em agosto, após várias tentativas de conter o movimento, Vargas cede e autoriza as negociações no Congresso para aprovar o monopólio estatal. Aprovado na Câmara em 2 de setembro de 1952, o projeto vai ao Senado, voltando à Câmara em 1953. Vargas o sanciona em outubro do mesmo ano.

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