São Paulo, quinta-feira, 8 de junho de 1995
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Governo rompe com Esca e paga R$ 2 mi

GUSTAVO KRIEGER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Aeronáutica pagou R$ 2,28 milhões para a Esca no dia 1º de junho, após rescindir todos os contratos com a empresa, que é acusada de fraude contra a Previdência Social.
O ministro da Aeronáutica, Mauro Gandra, disse que esses pagamentos são um ``acerto de contas" pelos contratos rompidos.
A Esca não tem a CND (Certidão Negativa de Débito) da Previdência Social e o governo poderia romper os contratos sem pagar nenhum tipo de indenização para a empresa.
O próprio Ministério da Aeronáutica foi vítima de fraude. A Esca usou uma CND falsa para assinar contratos com o órgão.
O ministro Gandra diz que os pagamentos são feitos para ``comprar equipamentos e softwares de computador que eram propriedade da Esca e são necessários para o prosseguimento de programas do governo".
Na prática, o governo brasileiro já tinha pago à Esca por estes equipamentos, que integram o projeto do Cindacta (o sistema de controle de tráfego aéreo brasileiro) e do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
Nos dois casos, a Esca foi contratada pelo governo para desenvolver esta tecnologia. Por contrato, o uso destes softwares já pertencia ao governo brasileiro.
O deputado Augusto Carvalho (PPS-DF), que faz parte da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, disse que ``a Lei do Colarinho Branco permitia que o governo fechasse os contratos com a Esca sem nenhuma indenização, já que ela fraudou a Previdência".
O ministro Gandra disse que lamenta os problemas com a Esca, que rompem uma parceria de 19 anos com o governo.
Em 1993, a empresa foi escolhida sem concorrência pública para gerenciar o Sivam, um projeto de US$ 1,4 bilhão que vai criar uma rede de vigilância sobre a Amazônia com o uso de radares, satélites e sensores em aviões.
Gandra disse ontem que o governo desistiu de contratar uma nova empresa para gerenciar o Sivam em lugar da Esca.
Segundo ele, a seleção poderia gerar suspeitas de favorecimento, pelo fato de o critério ser técnico.
O Ministério da Aeronáutica vai contratar cerca de cem técnicos da Esca para gerenciar o Sivam. Eles devem ficar ligados ao governo por cerca de dois anos.
Ao final deste prazo, o governo quer que os técnicos se organizem em uma empresa, que faria a gerência do Sivam e de outros projetos que eram da Esca.

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