São Paulo, quinta-feira, 8 de junho de 1995 |
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Governo põe fim a 42 anos de monopólio
GABRIELA WOLTHERS; DANIEL BRAMATTI
A Câmara obteve um quórum recorde neste anos -508 dos 513 deputados compareceram. Destes, 364 votaram a favor da quebra do monopólio e 141 contra. Houve três abstenções. O PC do B afirmou que vai recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar anular o resultado. O PMDB voltou a ser o partido governista com maior dissidência -23 deputados votaram contra. O PSDB teve sete. PTB e PPR, dois cada e o PL, um voto. Cinco deputados faltaram à sessão: Alzira Ewerton (PPR-AM), Mauro Fecury (PFL-MA), Augusto Farias (PP-AL), Sandra Starling (PT-MG) e Hugo Lagranha (PTB-RS). Starling não compareceu por estar hospitalizada. A emenda será votada mais uma vez pela Câmara. A votação em segundo turno está marcada para o próximo dia 21. Se aprovada, ela será encaminhada ao Senado, onde precisará passar por mais duas votações para ser promulgada. A sessão foi aberta às 16h. Logo em seguida, o deputado Haroldo Lima (PC do B-BA) apresentou um requerimento para adiar a votação. O pedido foi rejeitado. Era a demonstração de que a oposição (PT, PDT, PC do B e PSB), não conseguiria impedir a aprovação da quebra do monopólio. Durante a sessão, o relator da emenda, deputado Procópio Lima Netto (PFL-RJ), foi acusado pelo PT de ter recebido doações de uma empresa petrolífera para sua campanha eleitoral. Lima Netto admitiu a contribuição (leia reportagem à pág. 1-8). A deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ) disse que o partido recorrerá à Justiça por entender que o texto do relator está ``contaminado" pelas doações que recebeu. ``Isso é uma guerra e perdemos apenas a primeira batalha", disse. O deputado Milton Temer (PT-RJ) acusou, por sua vez, o deputado Roberto Campos (PPR-RJ) de chamar a Petrobrás de ``petrossauro", mas, ao mesmo tempo, pedir para empregar na estatal seus ``afilhados políticos". Em seguida, mostrou um telex de 1992 com o nome de Campos em que ele aparece pedindo para que Benedito Alves da Rocha seja empregado no cargo de assessoramento superior na Petrobrás. Campos rebateu, afirmando que o telex é falso e não possui a sua assinatura. ``Qualquer um pode ter enviado o telex em meu nome", respondeu o deputado. O deputado Almino Affonso (PSDB-SP), que integrou a campanha "O Petróleo é Nosso, era um dos dissidentes tucanos. ``A Petrobrás é a maior empresa da América Latina e em todo o mundo ou o monopólio é estatal ou é privado. Eu prefiro que ele continue estatal", disse Almino ao discursar contra a emenda. O ex-comunista Alberto Goldman (PMDB-SP) rebateu: ``Ao defender a emenda, não faço olhando para o passado, faço olhando para o futuro. Temos que implantar um novo modelo de desenvolvimento para o país." FHC O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, por meio de seu porta-voz, Sérgio Amaral, que ``tem autoridade e se sente à vontade" para propor o fim do monopólio porque foi seu defensor na época da criação da Petrobrás, em 1953. O argumento de FHC é que os tempos são outros e que o monopólio hoje impede a expansão da Petrobrás. ``O interesse nacional estará mais bem-preservado com a emenda proposta à Constituição", disse Sérgio Amaral. Texto Anterior: Ministro da Educação deve deixar hoje a UTI Próximo Texto: Recesso pára as votações Índice |
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