São Paulo, quinta-feira, 8 de junho de 1995 |
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Sérvia barganha libertação de reféns
ANDRÉ FONTENELLE
Na capital da atual República Federal da Iugoslávia (reduzida, das cinco repúblicas que formavam a Iugoslávia até 1991, a apenas Sérvia e Montenegro), o maior interessado no conflito é o presidente Slobodan Milosevic. Por isso, a imprensa local, atentamente controlada por Milosevic, destaca diariamente o papel do presidente sérvio nas negociações para a libertação dos reféns das forças de paz e da missão de observadores das Nações Unidas. Os telejornais iugoslavos de ontem dedicaram amplo espaço às declarações de Jovica Stanisic, enviado de Milosevic à Bósnia para recuperar os reféns libertados. "Fizemos o máximo para que a missão desse certo. Esperamos que ela continue a ser bem-sucedida", afirmou Stanisic. Milosevic aproveita a crise para aumentar seu poder de barganha. Quer a suspensão completa do embargo comercial imposto em maio de 1992 pela ONU, por causa de seu apoio aos sérvios da Bósnia. Para isso, tem que vencer a resistência da ala mais radical dos sérvios da Bósnia, que reluta em entregar os reféns restantes. O presidente sérvio prometeu a libertação de todos os reféns "nos próximos dias". Opinião pública Seu trabalho como mediador para a soltura dos reféns, no entanto, não chega a sensibilizar a opinião pública sérvia. Isso não significa, porém, que a população não sofra com os efeitos da guerra na região. Um estudo do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) realizado na Voivodina, região do norte da Sérvia, revelou que 60% das crianças em idade escolar sofrem de distúrbios psicológicos provocados pela proximidade da guerra. O embargo parece afetar menos o país. O movimento nas lojas e nos restaurantes (ou, por exemplo, na lanchonete McDonald's) e os engarrafamentos de trânsito mostram que os sérvios superaram o problema. As visitas de personalidades estrangeiras são saudadas pela imprensa, como afirmação de que a atual Iugoslávia terá vida normal. Assim, o jornal "Politika" anunciou para hoje a chegada a Belgrado do escritor peruano Mario Vargas Llosa. Além de escritor, Vargas Llosa foi candidato nas eleições presidenciais peruanas de 1990, derrotado pelo atual presidente do Peru, Alberto Fujimori. Vargas Llosa estaria vindo à cidade para o lançamento de um livro do escritor britânico Mark Thompson, "A Fabricação da Guerra-Mídia na Croácia, na Sérvia e na Bósnia". Texto Anterior: Projeto deixa teens em casa Próximo Texto: ONU discute nova força Índice |
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