São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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Indicado defende desindexação salarial

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na sabatina a que foi submetido no Senado, Gustavo Loyola defendeu o fim dos reajustes salariais pela inflação, mas disse que a TR (Taxa Referencial) continuará corrigindo dívidas e aplicações financeiras.
O governo editará este mês uma MP (medida provisória) para reduzir, ou em alguns casos eliminar, as regras de correção monetária de salários e contratos -o que no economês se chama desindexação da economia.
Loyola argumentou, durante a sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, que a TR é um fator ``de remuneração do capital, e não de indexação (correção pela inflação) do capital".
Segundo Loyola, a equipe econômica trabalhará para que a TR seja uma espécie de ``libor" -taxa de juros do mercado de Londres, referencial para empréstimos e aplicações- brasileira.
A possibilidade de permitir que os bancos fixem livremente os juros das cadernetas de poupança, em estudo pelo governo, foi encarada com ceticismo por Gustavo Loyola.
``Algum dia teremos de fazer isso, mas acho que este não é o momento", disse Loyola. A se julgar pelas declarações do presidente indicado, a poupança continuará corrigida pela TR mais juros anuais de 6%.
Para salários e contratos não financeiros, Loyola foi mais enfático em defender a desindexação. ``É fundamental para a estabilização econômica o fim dos mecanismos compulsórios de correção", disse.
A seguir, outros temas abordados por Loyola durante a sabatina na CAE do Senado:

JUROS
Cairão gradualmente, à medida em que o ritmo de crescimento econômico se desacelere, as importações deixem de superar as exportações e o governo consiga aprovar as reformas da Constituição.
A política de juros altos, avaliou Loyola, atinge mais a demanda (a procura de bens por consumidores e empresas) que a oferta. O governo não tem a intenção, segundo ele, de provocar uma recessão.
A indústria e o comércio já emitem sinais de que estão em um ritmo menor, disse o novo presidente do BC.
A redução dos juros será feita primeiro com redução de compulsórios (depósitos que os bancos são obrigados a fazer ao Banco Central e que limitam e portanto encarecem a oferta de crédito) e depois o sobre os juros primários (que determinam remuneração das aplicações financeiras e títulos do governo).

BANCOS ESTADUAIS
Loyola defendeu a privatização das instituições, argumentando que elas causam ``inúmeros problemas para os Estados, principalmente, e para o BC".
Para Loyola, a função dos bancos estaduais como agentes de incentivo à produção pode ser substituída, com vantagens, por fundos estaduais compostos por recursos orçamentários.

HABITAÇÃO
A solução da crise no setor, disse, passará pela criação de uma caderneta de poupança vinculada à aquisição da casa própria -em estudo pelo Banco Central.
Além disso, disse, deverá ser incentivado um mercado de letras hipotecárias -título que os bancos vendem para conseguir dinheiro para financiamentos habitacionais- e equacionado o rombo do SFH (Sistema Financeiro de Habitação).

CÂMBIO
Para Loyola, um presidente do BC não pode falar se considera a cotação do dólar baixa ou não. Disse que o sistema atual de câmbio, de limites mínimo e máximo para as cotações, ``é o mais adequado".

CONTAS FANTASMAS
O Banco Central já encaminhou ao Ministério Público processos contra os bancos em que foram descobertas contas fantasmas (com nomes falsos), durante o Collorgate (processo que resultou no impeachment do ex-presidente Collor). O Banco Central abriu processos administrativos contra estes bancos.

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