São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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A conta

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Passou um dia da votação dita histórica da quebra do monopólio da Petrobrás, em primeira votação no Congresso, e o governo pagou a conta.
``O crédito agrícola volta a ser aberto pelo Banco do Brasil na próxima segunda", deu a Globo ontem, esforçando-se por soar econômica, mas confirmando que o dinheiro saiu porque ``governo e ruralistas fizeram um acordo".
Foi a conta que o presidente pagou, à luz das câmeras de televisão.
Outras, pagas aos próprios ruralistas ou, por exemplo, aquelas de cargos aos partidos menores da chamada base do governo no Congresso, podem estar sendo fechadas sem que se saiba abertamente, na televisão, o valor.
Mas ``Fernando Henrique formou um rolo compressor na Câmara e no Senado", dizia ontem o SBT, brincando que, ``se o presidente insistir, ele consegue a sua própria canonização".
Mas ``Fernando Henrique está nas nuvens", dizia ontem a Manchete, em tom semelhante ao do SBT, garantindo que o presidente ``consolidou a base de apoio com maioria esmagadora".
É cedo, muito cedo, para falar em consolidação. Se até na ordem econômica o governo precisa pagar para aprovar as emendas, é de imaginar o tamanho da conta nos próximos capítulos, que não empolgam tanto o fiel PFL.
Por exemplo, vem aí, ``vencida esta etapa, a reforma tributária". Tributos, impostos, coisas assim.
É esperar para ver se o líder dos ruralistas vai repetir a afirmação orgulhosa de ontem, na Record, de que ``não há barganha, não há troca, nós não trocamos os assuntos da agricultura por voto nenhum".
Chega de prosa
O Aqui Agora também quer ser neoliberal:
- Caem as últimas pedras do muro de Berlim dos monopólios. O Brasil se atualiza, se moderniza, se insere no concerto universal. Chega de monopólios. Chega de atraso. O povo quer telefones. Mas nada de pensar que todos os problemas nacionais estarão resolvidos. Nada de miragens. O que nos salva é o trabalho, a competência e a seriedade.
A opinião terminava então com um definitivo e autocrítico ``e chega de prosa".

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