São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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Motta quer votar reforma fiscal no 2º semestre

EMANUEL NERI

EMANUEL NERI; MARTA SALOMON
DA REPORTAGEM LOCAL

MARTA SALOMON
O ministro Sérgio Motta, das Comunicações, disse ontem que os projetos de reforma tributária e reforma do Estado serão votados no segundo semestre.
Já o líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), afirmou que a etapa seguinte das reformas só ocorrerá no próximo ano.
Para Motta, a agenda do governo no segundo semestre também inclui a desindexação da economia. ``Será a tarefa mais corajosa do presidente e do Congresso".
``Esse será o maior desafio do segundo semestre", disse Motta, após visitar o ministro Paulo Renato Souza, no Incor (Instituto do Coração), em São Paulo.
Segundo Motta, Fernando Henrique Cardoso está fazendo as ``maiores reformas do país" dos últimos 40 anos. ``Estamos redesenhando o país". Para ele, FHC ``assumiu em sua plenitude" o comando político de seu governo.
Ao falar da reforma tributária, o ministro afirmou que ela é ``difícil, por envolver interesses de prefeitos e governadores". Na sua opinião, outra reforma polêmica será a das leis trabalhistas.
Já a reforma administrativa, segundo Motta, fará com que o Estado ``esvazie suas funções" na área de prestação de serviços. ``O Estado vai se voltar para o bem-estar social da população".
Motta negou que o governo tenha trocado cargos por votos de deputados aos projetos de reformas. ``Mandem pesquisar o `Diário Oficial'. É a melhor fonte para isso", disse. ``Peguem minha área. Eu não fiz nenhum acordo".
Em Brasília, o líder do governo, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), disse que de ``jeito nenhum" reformas como a administrativa e a da Previdência serão votadas ainda neste ano. Segundo ele, elas devem ficar para o ano que vem.
Na avaliação consensual dos líderes governistas, a maioria de votos obtida na votação da abertura da economia não pode ser transferida automaticamente para outros projetos de interesse do governo .
Santos acredita que mudanças no sistema tributário (impostos) poderão ser feitas no segundo semestre por projetos de lei, dispensando a votação de novas emendas constitucionais.
A reforma política é a prioridade dos parlamentares para a agenda do segundo semestre -uma proposta de iniciativa do próprio Congresso. A intenção é fazer valer as novas regras nas eleições municipais do ano que vem.
``Não votaremos mais nada da reforma constitucional neste ano, com exceção da reforma política", confirmou o líder do PPR, deputado Francisco Dornelles (RJ). ``A mudança na Previdência está verde e há problemas para votar a reforma administrativa", disse.
O líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), também prevê resistências para levar adiante a reforma da Previdência. ``Isso vai exigir uma negociação mais ampla e deve ficar para o final da fila".
A reforma previdenciária foi enviada ao Congresso em março, mas os debates acabaram suspensos para não atrapalhar a votação da quebra dos monopólios.

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