São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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`Longa Vida à Senhora' é registro simbólico do reino das aparências

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Filme: Longa Vida à Senhora
Produção: Itália, 1987, 106 min.
Direção: Ermanno Olmi
Elenco: Marco Esposito, Simona Brandalise, Stefania Busarello
Onde: a partir de hoje no cine Vitrine

Certos filmes americanos esforçam-se por convencer o espectador de que cinema não se faz sem um arsenal de efeitos. Certos filmes europeus, como ``Longa Vida à Senhora", tentam nos convencer, ao contrário, que o cinema só existe para filmar idéias.
No fundo, o princípio é o mesmo, muda só o padrão de produção. E, como na Europa o dinheiro é mais curto, a diferença básica é que quase nada acontece em ``Longa Vida". No caso, assistimos à preparação e realização de um luxuoso banquete oferecido pela Senhora. Sabemos que a reunião se realiza periodicamente e é cercada de mil cuidados.
Ali estão seis estudantes de hotelaria (quatro rapazes e duas moças), convocados para servir os comensais. O banquete é uma sucessão de pequenos incidentes, que vão desde a deslocação de um convidado para lugar secundário até o namoro entre dois serviçais.
A rigor, Ermanno Olmi filma um rito, uma cerimônia que se divide em dois: serviçais e convidados. O reino das aparências, adotado por conveniência (pelos burgueses à mesa) ou obrigação (pelos serviçais), é quem dá as cartas. É onde as pessoas se instalam.
O melhor do filme é que Olmi filma bem, de maneira que o espetáculo se deixa ver. O pior é que Olmi situa o filme no terreno da pura abstração. Os seres que lá estão são uma convenção: é preciso crer primeiro no cinema, para depois acreditar nos personagens. É o reino dos símbolos, enfim. (IA)

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