São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
César Maia diz que PFL é de 'esquerda'
AZIZ FILHO
Em entrevista à Folha na última quinta-feira, o prefeito disse que é um neoliberal. Folha - O prefeito Paulo Maluf (PPR) encheu São Paulo de obras e já fala na Presidência. O sr. corre na mesma faixa? Maia - Político sonha até com a Secretaria-Geral das Nações Unidas, mas é um lugar só para gente demais. Antes, quero ver o Luís Eduardo Magalhães presidente da República, trabalhar com ele como governador do Rio. Folha - Que riscos ocorriam com a vitória do PT ou do PDT na sua sucessão? Maia - Chamo o PT e o PDT de diabo. Na visão das pessoas, o que marca o demônio é a obstrução sem objetivos, a política do quanto pior, melhor. Trabalham para desintegrar a cidade, promover a miséria, a desordem, e ter ganhos políticos. O povo sabe que é coisa do diabo, que têm o diabo no corpo. Folha - Por que o sr. escolheu o PFL ao sair do PMDB? Maia - O PMDB vai se diluir como a Democracia Cristã na Itália. Com a reforma, teremos três grandes partidos: o PT, o PFL e o PSDB. O PSDB vai se definir, é heterogêneo. O Mário Covas está mais para Brizola do que para Fernando Henrique. O PSDB vai crescer, por estar no governo, e ocupar o centro. O PT será a direita e o PFL, a esquerda, se a esquerda é progresso e a direita, obstrução ao progresso. O PFL é a vanguarda das reformas, que levou a reboque o Fernando Gabeira (deputado federal, PV-RJ) e a maioria do PSDB. No Congresso, o PFL é de esquerda, é o progressista. Folha - Como o sr. conseguiu dinheiro para obras? Maia - Entre outros motivos, os juros do Plano Real. Enquanto os juros são custos para São Paulo, para mim é receita, de US$ 30 milhões ao mês. Quero que os juros caiam, mas daqui a oito meses, quando for buscar dinheiro no mercado. Há previsão de deixarmos R$ 200 milhões em caixa. Folha - A imagem de prefeito maluco (que ganhou após varrer o sambódromo, vestir casaco de couro no verão e pedir sorvete em açougue) é marketing? Maia - Não. A imprensa precisa simbolizar, caricaturizar. Pega um componente da pessoa, sempre verdadeiro, mesmo que injusto pelo exagero. Péssimo é ser chamado de ladrão, cúmplice de traficante, bêbado, imoral, corno, bicha, idiota, burro. Folha - O sr. teme que Lula ou Brizola se lancem candidatos à Prefeito do Rio, como se especula? Maia - Se vierem, vamos derrotá-los. Aqui não perco para ninguém no segundo turno, nem Marcello (Alencar), nem Brizola, nem Lula. /ping\>Folha - O termo neoliberal deixou de ser xingamento? Maia - No meu discurso de filiação ao PFL, pedi para me chamarem de neoliberal. Sou um neoliberal. Agora é um tempo novo. Texto Anterior: Aristides é operado do pâncreas em SP Próximo Texto: Deputado tem filho de 14 anos sequestrado Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |